Putin sabia o que estava fazendo quando atacou a Ucrânia. Não estava apenas eliminando uma ameaça potencial da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte), mas atendendo a um desejo popular em seu país. A sua aprovação saltou de 71% em fevereiro para 83% na pesquisa feita de 24 a 30 de março, com 1.600 entrevistas em 50 regiões russas, margem de erro de dois pontos para mais ou menos. Trata-se do maior índice da carreira de Putin, empatando com os 83% que angariou logo após a reunificação da Criméia, em março de 2014.
Ele aumentou o fortalecimento do sentimento nacionalista na população russa pela ação militar. Além disso, Putin desfruta do apoio popular por estar até aqui contornando bem os efeitos das severas sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e seus parceiros da OTAN.
Ele está contrariando as expectativas ocidentais. O país não deu calote em seus títulos, mesmo com cerca de 60% de suas reservas de US$ 640 bilhões congeladas fora do país, na mais dura das sanções feitas até aqui.
Para moradores de Moscou entrevistados pela Folha de S. Paulo, faltam alguns bens de consumo ocidentais, mas isso é uma situação que não parece assustar tanto.
Segundo o monitor do humor de consumo do banco Sberbank, o maior do país, a confiança dos russos em ir às compras segue a mesma. E os preços, em média, estão apenas 5% acima do que estavam no período anterior à guerra.
Mais de 70% dos russos afirmam que a culpa pelo conflito é do Ocidente. Além disso, a Rússia não está totalmente isolada, como pretendem os EUA e os parceiros da OTAN. Os países do BRICS, destacadamente Brasil, China e Índia, não aderiram às sanções.
Certo ou errado, Putin tornou-se o grande vitorioso.