21/03/2022 às 19h32min - Atualizada em 21/03/2022 às 19h32min

UCRÂNIA X RÚSSIA

ZELENSKY SÓ FAZ ACORDO DEPOIS DE REFERENDO


 
O presidente ucraniano, claro, quer fazer acordo com a Rússia. Mas quer também se dar bem, praticamente virar herói. Volodimir Zelensky declarou que qualquer "compromisso" nas negociações com a Rússia para encerrar o conflito será submetido a referendo na Ucrânia. Ele também rejeitou qualquer "ultimato" e disse que a OTAN tem medo da Rússia – o que de certa forma é verdadeiro.
 
"Expliquei a todos os negociadores: quando todas as mudanças, que podem ser históricas, forem abordadas, vamos propor um referendo", disse o presidente ucraniano ao portal de notícias SUSPILN, referindo-se aos pontos citados em um eventual acordo com o governo russo.
 
Zelensky também falou sobre a questão da adesão da Ucrânia à OTAN. "Nós já entendemos: não somos aceitos na OTAN porque os Estados membros têm medo da Rússia. Devemos nos acalmar e dizer: ok, serão necessárias outras garantias de segurança", disse. "Dentro da OTAN, há países que querem ser responsáveis pela segurança da Ucrânia, que estão prontos para fazer tudo o que a aliança deveria fazer se nós também fôssemos membros. Acho que esse é um compromisso normal", acrescentou.
 
Moscou quer garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da OTAN, uma organização criada para proteger a Europa da ameaça da ex-União Soviética no início da Guerra Fria e que, progressivamente, se expandiu até as fronteiras com a Rússia.
 
Ultimato
A Ucrânia "não pode aceitar nenhum ultimato da Rússia", acrescentou Zelensky. "Primeiro terão que destruir todos nós", disse. "Nós enviamos um ultimato, com todas as exigências. Se forem cumpridas, acabamos com a guerra: isso não é o certo, isso não dará resultados", disse Zelensky, citando a proposta russa, afirmando que "o povo está unido".
 
A Rússia quer que as cidades de Kharkiv, no nordeste, Mariupol, no sudeste, e a capital Kiev se rendam, disse o chefe do Estado ucraniano. Mas "nem os habitantes de Kharkiv, nem os de Mariupol, nem os de Kiev, nem eu, o presidente, podemos fazer isso", disse ele. "O que você quer? Então nos destrua. Por isso eu digo: não podemos respeitar este ultimato a menos que não estejamos mais aqui", concluiu.
O presidente ucraniano deve falar por vídeo ao parlamento italiano nesta terça-feira, como já fez com os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha e Israel. Na quarta-feira, ele falará diante do parlamento francês.
 
UE quer reforçar peso militar
Os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da União Europeia chegaram a um acordo nesta segunda-feira para criar uma estratégia de segurança destinada a reforçar o peso militar dos 27 países da UE. Uma das metas é a criação de uma nova força militar de reação rápida.
Até 5.000 soldados poderão ser convocados rapidamente para enfrentar eventuais crises. "As ameaças são crescentes e o custo da inação é evidente", disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, que também disse que o bloco está pronto para aplicar novas sanções. Em um comunicado, os países ressaltaram a necessidade de "proteger seus cidadãos e contribuir para a paz e a segurança internacionais."
De acordo com o texto, "isso ainda é mais importante agora que a guerra retorna à Europa após a agressão, sem justificativa, da Rússia à Ucrânia, e das guinadas geopolíticas que temos acompanhado", acrescentou. A UE esclareceu que não pretende rivalizar com a OTAN, descrevendo sua iniciativa securitária como "complementar" à Aliança Transatlântica coordenada pelos EUA.
 
Os compromissos militares da UE serão abordados com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesta quinta-feira durante uma cúpula extraordinária da OTAN. Após essa reunião, será realizada em Bruxelas uma cúpula da UE, dedicada a discutir as consequências da guerra na Ucrânia para a segurança na Europa. Os Estados Unidos destacaram mais de 100 mil soldados e recursos militares significativos na Europa para ajudar a fortalecer as defesas no flanco oriental da OTAN.
O custo desse envio pelos países bálticos, Polônia, Romênia, Bulgária e Eslováquia será um dos temas na pauta. O acordo da UE não inclui metas quantitativas, mas 21 dos países do bloco que também integram a OTAN já se comprometeram a dedicar 2% de seus respectivos PIBs ao orçamento militar para 2024.
Alemanha, Bélgica e Dinamarca, três países que estão atrasados neste compromisso, anunciaram recentemente aumento em seus orçamentos militares. Os europeus também investiram em capacidades atualmente deficientes, entre elas drones, tanques, sistemas de defesa antiaéreos e antimísseis.
 
Novas sanções
A UE também discute a adoção de novas sanções contra os russos. O bloco adotou vários pacotes de medidas econômicas contra autoridades e empresas russas, mas resistiu em estender as medidas restritivas aos setores de energia, especialmente petróleo e gás, devido ao alto nível de dependência europeia. O que parece dizer: “A gente faz guerra, mas, por favor, garanta o nosso gás”...
 
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que os países europeus estão "trabalhando duro para reduzir nossa dependência das importações de combustíveis fósseis... e vamos sair da dependência energética que temos da Rússia". A pressão dos ministros europeus por sanções ao setor energético russo se multiplicou após o ataque à cidade ucraniana de Mariupol, que o chefe da diplomacia europeia, Joseph Borrell descreveu nesta segunda-feira como um "crime de guerra".
 
Os ministros das Relações Exteriores europeus chegaram a um acordo político nesta segunda-feira, 21, para contribuir com € 500 milhões adicionais (cerca de R$ 2,7 bilhões de reais), dobrando assim seu fundo de auxílio material à Ucrânia. "É uma satisfação anunciar que chegamos a um acordo político" para liberar esses fundos, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, no final de uma reunião em Bruxelas.
 
Táticas brutais
O presidente americano, Joe Biden, o francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e premier italiano, Mario Draghi, discutiram as táticas "brutais" da Rússia na Ucrânia, segundo a Casa Branca. Durante um telefonema, os dirigentes conversaram sobre uma resposta coordenada da invasão russa, qualificada por Moscou de "operação especial", segundo a presidência americana. A urgência, segundo a França, é obter um cessar-fogo imediato e a retiradas das tropas, além da ajuda à população ucraniana que foge do conflito.
 
Leia também RFI (com informações da AFP) e Brasil247.
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