É a primeira vez que a China pousou uma sonda em um planeta que não é a Terra. E foi pousar lá em Marte, onde outras oitos sondas também andam por lá, seis em órbita e duas em terra, quer dizer, duas pousadas em Marte. "A missão de exploração de Marte foi um sucesso total", anunciou Zhang Kejian, chefe do CNSA, no Centro de Controle Aeroespacial de Pequim. "É outro marco importante para a exploração espacial da China", disse ele.
A sonda Tianwen-1 pousou em sua área pré-selecionada, na parte sul de Utopia Planitia, uma vasta planície no hemisfério norte de Marte, às 7h18 no sábado, dia 15 (horário de Pequim, equivalente às 20,15h em Brasília, da sexta-feira, dia 14), anunciou o CNSA.
Os controladores de solo levaram mais de uma hora para fazer o pouso com sucesso. Tiveram que esperar que o rover abrisse autonomamente seus painéis solares e a antena para enviar os sinais após o pouso, e houve um atraso de mais de 17 minutos devido à distância de 320 milhões de km entre a Terra e Marte – um absurdo, claro...
Tianwen-1 – que consiste em um orbitador, um módulo de pouso e um rover – foi lançado da nave Wenchang, na costa da província insular de Hainan, no sul da China, em 23 de julho de 2020.
Foi o primeiro passo na exploração planetária do sistema solar pela China, com o objetivo de completar a órbita, aterrissagem e circular no planeta vermelho.
"O que Tianwen significa" O nome Tianwen, que significa 'Perguntas ao Céu', vem de um poema escrito pelo antigo poeta chinês Qu Yuan (cerca de 340-278 aC).
O primeiro rover de Marte da China é nomeado Zhurong em homenagem ao deus do fogo na mitologia antiga, que combina com o nome chinês do planeta vermelho: Huoxing (o planeta do fogo).
A espaçonave entrou na órbita de Marte em fevereiro, após uma viagem de quase sete meses pelo espaço, e passou mais de dois meses pesquisando locais de pouso em potencial.
"Como a Tianwen-1 pousou" Nas primeiras horas do sábado, a espaçonave começou a descer de sua órbita de estacionamento, e a cápsula de entrada que envolvia o módulo de pouso e o rover separou-se do orbitador por volta das 4 horas da manhã.
Depois de voar por aproximadamente três horas, a cápsula de entrada foi arremessada em direção ao planeta vermelho e entrou na atmosfera de Marte a uma altitude de 125 km, iniciando a fase mais arriscada de toda a missão.
Primeiro, a forma aerodinâmica especialmente projetada da cápsula de entrada desacelerou com o atrito da atmosfera marciana. Quando a velocidade da espaçonave foi reduzida de 4,8 km por segundo para cerca de 460 metros por segundo, um enorme paraquedas cobrindo uma área de cerca de 200 metros quadrados foi desenrolado para continuar reduzindo a velocidade para menos de 100 metros por segundo.
O paraquedas e o escudo externo da espaçonave foram então alijados – expondo o módulo de pouso e o rover – e o retrorocket no módulo de pouso foi disparado para diminuir ainda mais a velocidade da nave para quase zero.
A cerca de 100 metros acima da superfície marciana, a nave pairou, para identificar obstáculos e medir as inclinações da superfície. Selecionou uma área relativamente plana e desceu lentamente, tocando o solo com segurança com suas quatro pernas de amortecimento.
O mergulho da nave na atmosfera marciana, durando cerca de nove minutos, foi extremamente complicado, sem controle de solo, e teve que ser executado pela espaçonave de forma autônoma, disse Geng Yan, funcionário do Centro de Exploração Lunar e Programa Espacial do CNSA.
Depois de se separar da cápsula de entrada, o orbitador, com uma vida útil projetada de um ano marciano (cerca de 687 dias na Terra), foi elevado para retornar à sua órbita de estacionamento e ajudou a retransmitir as comunicações entre o veículo de pouso e a Terra.
O rover Zhurong levará mais sete a oito dias para detectar o ambiente ao redor e realizar autoverificações antes de descer do módulo de pouso para a superfície marciana, de acordo com Geng.
O rover Zhurong de seis rodas movido a energia solar, parecido com uma borboleta azul e com uma massa de 240 kg, tem uma vida útil esperada de pelo menos cerca três meses.
A câmera do orbitador tirou imagens detalhadas com uma resolução de cerca de 0,7 metros, revelando que a área de pouso pré-selecionada tem um terreno complicado com muitas rochas e mais crateras do que o esperado.
O presidente Xi Jinping também deu os parabéns a todos os envolvidos no sucesso desta missão.
