Pois é, o desemprego bateu mais um recorde. Dizem que a flexibilização do distanciamento social e a proximidade do fim do auxílio emergencial pressionaram a taxa de desemprego no Brasil, que alcançou o patamar recorde de 14,4% no trimestre encerrado em agosto.
É a maior marca da série histórica da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que calcula a desocupação oficial do país e teve início em 2012.
Isso representa 13,8 milhões de pessoas na fila da busca do emprego, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta sexta-feira, 30. No trimestre móvel anterior, terminado em maio, o desemprego no Brasil havia fechado a 12,9%.
No trimestre encerrado em fevereiro, a taxa estava em 11,6%. No mesmo trimestre de 2019, o desemprego era de 11,8%.
“Esse aumento da taxa está relacionado ao crescimento do número de pessoas que estavam procurando trabalho. No meio do ano, havia um isolamento maior, com maiores restrições no comércio, e muitas pessoas tinham parado de procurar trabalho por causa desse contexto. Agora, a gente percebe um maior movimento no mercado de trabalho em relação ao trimestre móvel encerrado em maio”, disse a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
A primeira morte conhecida de Covid-19 no país ocorreu no dia 17 de março. A partir daí, com o avanço da doença, o país promoveu o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de combater a pandemia. A partir de abril, os efeitos econômicos da “gripezinha” de Bolsonaro começaram a ser sentidos com mais intensidade, já que as medidas restritivas duraram do começo ao fim do mês.
Em junho, alguns estados e municípios passaram a promover a reabertura da economia, com a volta do funcionamento de shoppings, bares e restaurantes. Em julho, esse movimento se intensificou, ao mesmo tempo em que o novo coronavírus continuava a deixar milhares de mortos pelo Brasil.
De acordo com dados da PNAD Covid - pesquisa criada para mensurar os efeitos da pandemia no mercado de trabalho - cerca de 10 milhões de brasileiros deixaram o isolamento rigoroso entre julho e agosto. Com a flexibilização, muitos trabalhadores voltaram a procurar um emprego e passaram a figurar nas estatísticas oficiais de desocupação do país, já que o IBGE só considera desempregado quem está em busca de uma ocupação. O pior é que muitos talvez tenham passado para outra estatística...
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