15/10/2020 às 08h20min - Atualizada em 15/10/2020 às 08h20min

BIDEN VAI PRESSIONAR BOLSONARO

É O QUE DIZ THOMAS SHANNON

 
As previsões sobre os resultados das eleições presidenciais americanas apontam cada vez mais na direção da vitória do Democrata Joe Biden, levando ao fim de carreira para Donald Trump. Tudo faz a crer que isso será bem melhor para o mundo, mas não será para o mundo de Bolsonaro, um trumpista acima de tudo e de todos. O ex-embaixador no Brasil durante o governo de Barack Obama, Thomas Shannon, afirma que a agenda política do Partido Democrata não combina com a de Bolsonaro em relação ao meio ambiente e aos costumes. Mas não é só isso. A grande pressão contra a China será mantida, talvez até aumente. O mais importante é que a relação com o Brasil não seria mais de submissão, como acontece hoje.
"A agenda do Partido Democrata não é favorável ao presidente Bolsonaro”, disse Shannon, em entrevista à jornalista Marsílea Gombata, publicada no Valor, citando temas ambientais e LGBTQ. “As políticas do partido democrata são diferentes das de Bolsonaro. E isso criaria problemas na relação com o Brasil.”
 
Shannon explicou quais seriam as restrições de Biden. "Seja em temas ambientais, direitos de povos indígenas ou sobre questões sociais, como temas LGBTQ ou mulheres, as políticas do partido estão em posição diferente da posição de Bolsonaro. E isso pode criar problemas na relação. Mas acho que Biden será cuidadoso em como se envolver e vai querer deixar claro que não aceita aspectos da agenda política de Bolsonaro, que é vista de maneira muito negativa pelo Partido Democrata", afirmou.
 
Sobre a questão com a Venezuela, ele descartou o risco de uma ação militar. "A pergunta é: quem faria a invasão? Os Estados Unidos já estão em guerras no Afeganistão e no Iraque. Temos tropas americanas em risco na Síria, próximas de tropas russas e iranianas. Estamos comprometidos na península coreana e no Japão, e podemos ter de agir a qualquer momento, se a Coreia do Norte decidir lançar mísseis contra a Coreia do Sul ou o Japão. Temos na Ucrânia os russos, que já anexaram a Crimeia, e interferem nos Bálcãs e nos países bálticos. E, nesse contexto, os militares americanos poderiam ser convocados a qualquer momento para guerra na Crimeia, na Síria ou na Europa Central. Uma ação militar americana na Venezuela seria, portanto, altamente irresponsável", afirmou Shannon, trazendo certo alívio para esse lado de baixo do Equador (ou será melhor ficar com um pé atrás?).
 
Obviamente, com relação à China, apesar de prever uma política diferente dessa de Trump, a disputa entre as duas maiores economias do mundo continuará, principalmente por causa do 5G (a futura geração de telecomunicação móvel.). "Acho que é um grande componente estratégico. Ficamos muito preocupados se a Huawei construiria a infraestrutura 5G e ficaremos preocupados com o que colocar lá, que tipo de informação colocamos. Isso realmente pode impactar a cooperação militar, de inteligência, comercial e industrial. Temos de ter garantias de que a informação que estamos transmitindo estará protegida."
 
Em outras palavras: amigos, amigos, 5Gs à parte...
 
Confira também entrevista com Celso Amorim sobre a relação Brasil-EUA no  
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