05/10/2020 às 07h56min - Atualizada em 05/10/2020 às 07h56min

​BOLSONARO FAZ MAL À BOLSA

É A MAIOR QUEDA DO MUNDO!

 
Os investidores não perdoam – atiram para matar. Nem têm partido. “Eu quero o meu!” é o seu lema. É assim que a bolsa toca. Vibraram com a queda da Dilma, que levou a uma valorização de quase 100% entre a queda em agosto e o final do ano de 2016.
Agora, com o país sob o “comando” daquele que poderia ser o queridinho dos investidores, o Ibovespa atinge o pior índice global em dólares em 2020.
 
A declaração da OMS (Organização Mundial da Saúde) de pandemia de Covid-19, em março deste ano, fez a Bolsa voltar a níveis de 2017. A saída de estrangeiros da Bolsa aumentou, e o Ibovespa passou a ser o índice global com mais perdas em dólar do mundo, de acordo com estudo do grupo financeiro multinacional Goldman Sachs.
Agora, a forte queda de 18,7% do índice neste ano e a forte desvalorização do real levaram a Bolsa a cair 42,5% na moeda americana. Segundo o banco americano, a desvalorização do mercado brasileiro em março superou a média de crises anteriores – neste ano, a Bolsa já conquistou o pior trimestre da história.

A Bolsa da Colômbia é a segunda que mais se desvaloriza, com perdas de 40,5% na moeda americana. Na moeda local, porém, caiu mais que o Ibovespa neste ano (29,9%).
Em seguida vem a Indonésia, com queda de 31,8% na moeda americana e de 21,8% na moeda local. Logo atrás estão Chile, Turquia, México e Rússia, países com moedas que  também se depreciam em relação ao dólar.
Por ser um mercado líquido – de fácil venda dos ativos – que vinha com forte alta nos últimos anos, os estrangeiros aproveitaram o momento de incerteza para realizar os ganhos no Brasil e buscar investimentos mais seguros, como dólar, ouro e títulos do Tesouro dos EUA.
A saída do investidor de fora, porém, começou em 2018, com a alta de 76% do Ibovespa entre 2016 e 2017, impulsionada pelo impeachment pelos cortes de juros - a Selic foi de 14,25% em 2016 para 6,% em 2018. Foram R$ 11,5 bilhões a menos de dinheiro estrangeiro na Bolsa em 2018 e R$ 44,5 bilhões em 2019 e, até setembro deste ano, há uma saída recorde de R$ 87,7 bilhões.
“Em 2019, a Bolsa estava em alta e o dólar estava em baixa, então, tivemos muita realização de lucros. Agora, o investidor sai em busca de mercados mais sólidos e dinâmicos, com recuperação mais rápida, como os Estados Unidos”, diz George Sales, professor do Ibmec. Segundo o economista, a perspectiva de recuperação lenta do Brasil, com um baixo crescimento nos últimos anos, deixa o país pouco atrativo para investidores.
Em dólares, o Ibovespa tem o pior desempenho do mundo em 2020. “A Covid-19 foi um azar, mas o governo também não ajuda, o que gera muita oscilação no mercado. O governo tinha que ser mais discreto, mas a campanha política nunca terminou. Isso assusta investidor e o investidor de longo prazo é o primeiro a sair.”
 
Na última sexta, dia 2, Paulo Guedes (ministro da Economia!) contribuiu mais um pouco com a queda da Bolsa, graças ao desentendimento com Rogério Marinho (ministro do Desenvolvimento Regional) sobre o Renda Cidadã, cujo financiamento pode deteriorar a saúde fiscal do país, segundo especialistas. O bate-boca entre os dois gracinhas levou a Bolsa a cair 1,5%.
“A economia está muito ruim e a perspectiva futura é incerta. Já vínhamos de uma crise fiscal, que, com o coronavírus, se agravou, deixando todo mundo com pé atrás”, diz Bruno Giovannetti, professor da FGV.
Os economistas também afirmam que a crise ambiental em torno da Amazônia deixou o país mal visto pelos estrangeiros - especialmente europeus - fazendo com que fugissem da “selva brasileira”.
 
Leia também no Brasil247 e Folha.
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