28/07/2020 às 14h08min - Atualizada em 28/07/2020 às 14h08min

CHOQUE DUPLO NA ECONOMIA BRITÂNICA

TUDO PORQUE ABANDONOU A UNIÃO EUROPEIA

 
É um estudo da universidade LSE (London School of Economics) que diz que até mesmo setores que escaparam da crise do coronavírus (Covid-19) serão fortemente afetados por terem saído da UE (União Europeia).
O relatório da LSE diz que o Brexit trará um choque duplo à economia - com as condições de negócios piorando para os setores que sobreviveram ao impacto do coronavírus e das medidas de bloqueio -, não importa se Boris Johnson vai ou não garantir um acordo com a UE.

A análise, vista pelo Guardian antes de sua publicação, inclui informações de uma pesquisa mensal da Confederação da indústria britânica.
"Nossa análise mostra que os setores que serão afetados pelo Brexit e os que sofrem com a pandemia e o bloqueio do Covid-19 são geralmente diferentes entre si", disse Swati Dhingra, professor de economia que é coautor do relatório.
Um "impacto simultâneo" do Brexit e do coronavírus será sentido em todo o espectro comercial a partir do outono (22 de setembro), quando as políticas do chanceler Rishi Sunak relacionadas à pandemia, destinadas a apoiar os desempregados, estiverem concluídas e o novo ambiente comercial para o Reino Unido fora da UE começarem a serem sentidas.

O relatório “Covid-19 e Brexit: atualizações em tempo real do desempenho dos negócios no Reino Unido pelo Centro de Desempenho Econômico da LSE” mostra setores que envolvem mais contatos humanos - incluindo hospedagem familiar, viagens aéreas, restaurantes, hotéis, artes e entretenimento - foram os mais atingidos pela pandemia.
O efeito em outros setores, como as indústrias científicas, serviços profissionais, incluindo serviços jurídicos e de contabilidade e publicação, foi menos grave, porque eles podem continuar a operar com funcionários que trabalham em casa (home office).
Entre os que continuam trabalhando remotamente, estão empresas como Vodafone, Google, KPMG, GlaxoSmithKline, Rolls-Royce e Unilever.

Mas o Brexit imporá barreiras aos bens ou serviços comercializados com a UE, sejam empresas farmacêuticas (buscando aprovação regulatória), bancos ou serviços (que precisam transferir dados de servidores do bloco) ou fabricantes de automóveis ou importadores de roupas (que serão obrigados a preencher declarações alfandegárias pela a primeira vez em décadas).
O relatório apontou que, em 2017, o governo anunciou que o Brexit seria orientado por avaliações de impacto entre setores – mas até agora só forneceu análises detalhadas em 10 setores.
"O governo deve ir além de sua avaliação genérica dos impactos do Brexit para planos muito mais bem ajustados", em preparação para a "maior desaceleração de nossa vida", disse Josh de Lyon, assistente de pesquisa do centro do LSE e que foi coautor do relatório.
Dhingra disse que a pandemia do coronavírus "reduziu a capacidade da economia do Reino Unido de reagir a mais choques" e "apressar o Brexit" iria "ampliar o conjunto de setores" que experimentaram o agravamento das condições de negócios.

Usando dados mensais coletados pela CBI (Confederação da Indústria Britânica) sobre experiências de negócios e expectativas de crescimento ou declínio, juntamente com o que ele descreve como modelagem de "estado da arte", o centro pôde avaliar as perspectivas nos próximos três meses.
A LSE, como outras grandes instituições, é relutante em colocar um número no choque combinado projetado para a economia, embora vários setores tenham alertado sobre as dificuldades que estão por vir. O organismo de manufatura Make UK alertou que mais da metade do setor manufatureiro planejava redundâncias quando os esquemas de suporte às empresas terminaram.

O relatório da LSE incentiva o governo a implementar uma estratégia industrial que "deve refletir" a fria realidade de "estar em um Reino Unido pós-Brexit, que é colocado em uma economia mundial pós-Covid", na qual o comércio global diminuirá.

NOTA. Se a coisa está feia assim para os britânicos, imagina nós aqui...

Leia também em The Guardian



 
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