A arrogância bolsonariana diante da Venezuela de Maduro perdeu todo o sentido. Nem o “mui amigo” Trump pode ajudar. A retomada do crescimento brasileiro após a ‘temporada” de coronavírus (Covid-19) poderá ser mais lenta do que em 90% dos países do mundo. Pelo levantamento do IBRE (Instituto Brasileiro da Economia, think tank da FGV-Fundação Getúlio Vargas), o PIB brasileiro deve cair 1,6% no biênio 2020/2021. Ficará em 171º lugar entre os 192 países do mundo. Apenas a Venezuela terá resultado pior que o Brasil na América do Sul. Para se ter uma ideia sobre o que representam os 8% negativos no PIB nacional, será a maior queda já verificada em 120 anos – ou seja, todo o período em que o IBGE, como instituto oficial de estatísticas, começou medir a evolução do crescimento das riquezas internas. Recessão pesada. Muitas empresas vão quebrar e o desemprego será monumental. O BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento) projeta um choque “rápido e maciço” que somente será contido com medidas efetivas de incentivo, que ainda não saíram do papel. A previsão do BIRD não é única nem a mais pessimista, por incrível que pareça. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) também começou a falar em números calamitosos de retração brasileira, estimando um PIB negativo de 9,1%. Um recuo produtivo nacional de 50 anos.
Alguns economistas consideram que a forma descoordenada como o Brasil lidou com a pandemia fará com que as medidas de distanciamento durem mais e que as soluções encontradas obtenham menos sucesso do que em outros países, o que vai prejudicar a recuperação da economia brasileira. Eles também destacam que o auxílio emergencial de até R$ 1.200 para desempregados e informais foi acertado, mas a falta de organização levou uma multidão de brasileiros de baixa renda para as agências da Caixa Econômica Federal, prejudicando o isolamento.
A perspectiva torna-se pior quando constatamos a falta de planejamento e, principalmente, o descaso do governo Bolsonaro, que não soube reagir e ainda destruiu parte das relações internacionais com comentários ideológicos (lembram da agressão à China, por exemplo? Contra a Argentina, lembram?). Isso tudo tem o seu preço. Não é à toa que Brasil virou o pior entre os piores. Por falar em China, onde teria começado a ação do coronavírus, o país poderá crescer 5,1%. Souberam eliminar o coronavírus e as ameaças de qualquer bolsonavírus...