19/04/2020 às 10h03min - Atualizada em 19/04/2020 às 10h03min

URU EU WAU WAU

MAIS UM ÍNDIO ASSASSINADO


Foi ontem, isso, manhã deste sábado, dia 18! Mais um de nós, um brasileiro indígena, foi encontrado morto em Rondônia. O nome dele era Ari Uru Eu Wau Wau, um jovem professor na aldeia. Foi encontrado na Estrada Vicinal Linha 625, no distrito de Jaru (RO), a poucos metros da entrada da aldeia. Este é o segundo assassinato de lideranças indígenas em menos de 20 dias. Zezico Guajajara, professor e liderança que lutava pela proteção do território do seu povo foi brutalmente assassinado, no Maranhão, no dia 31 de março.
 
De acordo com um levantamento do Instituto Socioambiental (ISA), em 2019, a área dos Uru-Eu-Wau-Wau esteve entre os 13 territórios que respondem por 90% do desmatamento em terras indígenas na Amazônia brasileira. Ari integrava o grupo de vigilantes e protetores do território do seu povo e, segundo parentes, já havia comunicado o Ministério Público Federal (MPF) que sofria constantes ameaças de morte por grileiros e madeireiros da região. Ainda não há informações sobre as circunstâncias e a autoria do crime.
 
Em contato com o MPF de Rondônia sobre a morte do jovem, a assessoria informou que o caso ainda será distribuído entre os procuradores para investigação e o caso segue em investigação pela Polícia Civil. Não há retorno da Polícia Civil sobre detalhes do caso até o fechamento dessa reportagem.
 
Aumento da violência
Com o avanço da Covid-19, grileiros e madeireiros intensificaram os ataques às terras em Rondônia, considerando
 o foco de autoridades e da grande mídia em assuntos que passam pela pandemia. As invasões ampliam o contágio dos povos com o vírus, o que pode ocasionar uma situação de colapso na região. Em nota, a APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil reforça a informação de aumento da violência contra indígenas.
 
“Não estamos expostos apenas ao coronavírus, os crimes cometidos por madeireiros, garimpeiros e grileiros seguem intensos, violando os nossos direitos e destruindo a nossa natureza.”, afirmam em nota.
 
Para a coordenadora da Associação Kanindé, Ivaneide Bandeira, o povo Uru Eu Wau Wau, vive um clima de tensão crescente. “A região vive uma enorme pressão e faz algum tempo que não há fiscalização. Agora, com o corona vírus, a atuação das autoridades deveria ser intensificada”, alerta a coordenadora que, juntamente com a Associação do Povo Indigena Uru Eu Wau Wau Ujupaú, já apresentou várias denúncias ao MPF (Ministério Público Federal) de Rondônia desde o início do ano.
 
Além da luta contra o avanço da pandemia, os povos têm, desde o ano passado, sofrido com os atos crescentes de violência. De acordo com dados apurados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), no último ano 9 indígenas foram assassinados, sendo 7 lideranças. Esse índice é o maior dos últimos 11 anos. Ainda segundo o Caderno de Conflitos, a cada três famílias em conflito por terra, uma é indígena, totalizando 49.750 famílias indígenas.
 
Em alguns confrontos, indígenas Uru Eu Wau Wau confirmam que são intimados por grileiros, que alegam estarem agindo legalmente, de acordo com as diretrizes do governo de Jair Bolsonaro.
 
Covid-19 e os povos indígenas

A Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, juntamente com o apoio do Distrito Sanitário de Saúde Indígena (DSEI) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), tem coletado produtos de higiene e limpeza para ajudar no combate ao coronavírus ao povo Uru Eu Wau Wau.
 
Dados divulgados na última semana pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o número de casos de indígenas infectados pelo o novo coronavírus disparou e teve um aumento de mais 156% na última semana. No total, segundo a Sesai, cresceu de nove para 23 o registro de contaminados desde segunda-feira.

Mais do que nunca é preciso intensificar a luta em defesa dos nossos índios. Principalmente considerando que hoje é "Dia do Índio".

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Iara Rangelov para MídiaNinja

 
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