Parece que sim, Bolsonaro pode escolher um PGR que seria apoiado por Flávio (que, aliás, está enrolado no caso Queiroz). Por isso, desde a semana passada, o nome do subprocurador-geral da República Augusto Aras está em alta para ocupar o posto de procurador-geral da República (PGR). É o favorito para o cargo. Um dos sinais de que a escolha já foi feita, seria o fato de Bolsonaro ter recebido Aras na terça-feira à noite, no Palácio da Alvorada (residência oficial da Presidência).
Aras tem 60 anos, é baiano de Salvador e nunca esteve tão perto de ser o próximo procurador-geral da República. Ele disputa o favoritismo dentro do governo com a atual titular do cargo, Raquel Dodge (que está com o mandato terminando dia 17 de setembro). Nenhum dos dois compõe a lista tríplice feita pelos procuradores (lista que é seguida pelos presidentes desde 2003). Dodge ainda busca a recondução para mais dois anos com o apoio do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Mas Aras teria conquistado o apoio de Flávio e Eduardo, filhos de Bolsonaro, e de ministros como o da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e o de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
Aras ingressou no Ministério Público Federal (MPF) em 1987. É doutor em Direito Constitucional e professor de Direito Comercial e Eleitoral da Universidade de Brasília (UnB). Atualmente, é coordenador da 3ª Câmara de Coordenação e Revisão em Matéria Econômica e do Consumidor. Essa atuação lhe rendeu a aproximação com as pastas da Infraestrutura e de Minas e Energia. Nos bastidores da disputa, corre a informação de que foram muito bem vistas por Bolsonaro as articulações de Aras pelo Linhão de Tucuruí (linhão de transmissão de energia elétrica Manaus-Boa Vista, que passou a incluir Roraima, como um empreendimento de interesse da política de defesa nacional) e a implementação de um programa para o aprimoramento de políticas públicas no setor ferroviário.
Dentro do MPF, os comentários sobre Aras revelam um procurador com perfil bastante político. Tem defendido um "novo modelo" para a instituição: menos garantista e engessada - mudanças que não são bem vistas por muitos colegas, mas que se alinhariam a certa corrente do governo. Teria também o apoio do fundador da chamada "bancada da bala", o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF). Ele teria sido o responsável por costurar a sabatina privada no Alvorada na semana passada. E Aras tem, ainda, o apoio do prefeito da capital baiana e presidente nacional do DEM, ACM Neto.
O subprocurador-geral também transita pela ala militar. Em 2016, recebeu três diferentes distinções militares: a Ordem do Mérito Judiciário Militar, a Ordem do Mérito Aeronáutico e a Alta Distinção do Superior Tribunal Militar (STM). É católico e casado com a subprocuradora-geral da República Maria das Merces de Castro Gordilho Aras. O nome de Aras também parece ter o apoio do ministro da secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira que, em entrevista ao Valor, elogiou o trabalho de Dodge e citou o subprocurador.
Há quem diga que bastaria ter como slogan: "Quem tem os Filhos têm o Poder".