27/07/2019 às 11h22min - Atualizada em 27/07/2019 às 11h22min

OS FORA DA LEI


PROCURADOR DA FORÇA-TAREFA PAGOU OUTDOOR COM ELOGIOS À LAVA JATO

Inacreditável! Os procuradores de Curitiba chegaram a níveis estratosféricos de delírio. Porque simplesmente, de forma ainda duvidosa, foram responsáveis por ações que ainda estão sendo questionadas e podem ser causadoras do caos que afundou o país, eles se acham os salvadores da Pátria! Na vera, são os afundadores da Pátria...
O grupo, espertamente, decidiu afastar o procurador que participou do pagamento da produção/veiculação do outdoor: procurador da República Diogo Castor de Mattos. Perceberam que a autopromoção de funcionários públicos que não fazem mais do que a obrigação (investigar e apresentar provas contra pessoas que podem estar indo contra a lei) entra em conflito com o exercício da função. A história foi revelada pelo hacker que teve acesso a mensagens privadas do grupo, Walter Delgatti Neto, durante depoimento à Polícia Federal nesta semana, e confirmada na noite desta sexta à coluna de Thiago Herdy, da Folha, por duas fontes da Lava Jato.
O outdoor foi instalado em março deste ano na rodovia de acesso ao aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Tinha a imagem de nove procuradores lado a lado, com detalha da Bandeira Nacional e a seguinte mensagem: “Bem-vindo a República de Curitiba – terra da Operação Lava Jato – a investigação que mudou o país. Aqui a lei se cumpre. 17 de março, cinco anos de Operação Lava Jato – O Brasil Agradece”.
Não, o país não agradece a foras da lei. Principalmente os foras da lei que deveriam estar lutando para que as leis sejam cumpridas. Desrespeitaram Constituição e a lei 8.429/1992 que regulamentam o dever de probidade, além de estabelecerem os limites objetivos dos atos dos gestores públicos e determinarem as sanções pelo abuso cometido em razão da função. A questão a ser debatida refere-se aos limites da divulgação dos objetivos traçados, desenvolvidos e concluídos.
Já na época, coletivos de advogados criticaram a veiculação do outdoor por entenderem que ela feria "o princípio constitucional da impessoalidade". Eles chegaram a cobrar investigação sobre a autoria e a forma de financiamento do outdoor.
Castor foi afastado da força-tarefa em abril deste ano. Na época, reservadamente, colegas atribuíram a sua saída apenas a uma recomendação médica, em razão de estafa física e mental relacionada ao trabalho desenvolvido no MPF. Publicamente e em nota oficial, os procuradores apenas agradeceram a ele "pelos cinco anos em que se dedicou, com excepcional esforço, às investigações".
Procurada nesta sexta-feira, a Força-Tarefa Lava Jato informou que não comentaria as razões da saída de Diogo Castor. E o procurador não foi localizado.
A saída ocorreu pouco tempo depois da publicação de um artigo de sua autoria no site "O Antagonista", com críticas ao risco de o Supremo Tribunal Federal (STF) transferir para Justiça Eleitoral a apuração de crimes de caixa 2, mesmo quando houvesse indícios da coexistência de crimes como lavagem de dinheiro, corrupção e pertencimento à organização criminosa.
No artigo, o procurador se refere aos ministros que defendiam a tese — que inclusive prevaleceria no julgamento do plenário — como "a turma do abafa". Ironicamente, ele contribuiu para o país descobrir quem realmente é "a turma do abafa"...


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