Nunca se viu um hacker revelar-se tão inteiramente e rapidamente e convenientemente. Ele é até conhecido por “Vermelho”, oram vejam só...
Só não deu para entender por que Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, critica o cinismo de Moro e percebe que é a mesma tática usada no caso Snowden. Esperava o quê? Que ele continuasse com a ladainha de que “não lembrava, não reconhecia, não sabia do que se tratava”? Esse papo de juiz-vítima não convencia ninguém, e ele sabia disso. Estava apenas ganhando tempo para arranjar um jeito de tentar virar o jogo, tentar convencer o admirável público de que ele era a grande vítima. Nesse vaivém de “hackeou/não hackeou”, uma esperança a tiracolo para Moro. Uhhuuhhhuuu! Oh, glória! Em três meses, surge um Vermelho no horizonte digital, impulsionando a ladainha de que se tratava de obra satânica de transformação do Bem em Mal.
O jornalista Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, disse nesta quarta-feira (24) que o ministro da Justiça Sergio Moro "está tentando cinicamente explorar essas prisões" – referindo-se aos "hackers" de Araraquara/Ribeirão Preto. E afirmou que Moro tenta usar a mesma tática adotada pelos governos dos Estados Unidos e do Reino Unido no caso Snowden: "distrair de sua própria má conduta". É o caso de pensar que Glenn Greenwald não hackeou Moro o suficiente para conhecê-lo bem. Moro é a mais perfeita imagem do santo do pau oco.
Glenn parece até ingênuo quando diz que "Sergio Moro está tentando lançar dúvidas sobre a autenticidade do material jornalístico". Num lampejo de grande lucidez, ele lembra que no dia em que publicaram as primeiras reportagens da Vaza Jato, nem Moro nem Lava Jato negaram a autenticidade do material. "Eles apenas negaram impropriedades. Foi só mais tarde que eles inventaram essa tática, quando perceberam que seus aliados estavam abandonando-os". Claro!
Greenwald lembrou que, depois das primeiras publicações, a Folha trabalhou lado a lado com a sua equipe e verificou a autenticidade do arquivo - inclusive comparando os chats entre os seus repórteres e os promotores com o chat original. “Como qualquer hacker poderia forjar isso? Obviamente, isso seria impossível". A Veja também concluiu que "o material é autêntico, e contém coisas que um hacker nunca conseguiria forjar, inclusive conversas com seu próprios repórteres", disse.
Para Glenn, Moro tenta usar a mesma tática adotada pelos governos dos EUA e Reino Unido no caso Snowden: "distrair de sua própria má conduta gritando sobre os 'crimes' de Snowden. Ele, Snowden, cometeu crimes? Talvez. Mas isso não mudou o fato de que os documentos eram reais e mostravam crimes graves por parte desses governos", escreve.
É preciso, portanto, separar o joio do trigo. Vermelho é o apelido de um hacker que aparentemente hackeou também o ex-ministro Sérgio Moro. Ele hackeou Moro a serviço do Intercept? Dificilmente. Se hackeou, Moro alterou as gravações? Pode ser que sim, pode ser que não. O que sobra disso tudo? Que é óbvio que Moro e os procuradores falaram exatamente o que foi gravado e divulgado por The Intercept. Se não fosse assim, Moro e os procuradores simplesmente teriam tornado o público imediatamente o conteúdo dos celulares e, com isso, teriam desmascarado The Intercept. Se não fizeram isso, é porque reconheceram suas vozes e seus conteúdos. Ao contrário, o que fizeram foi tratar de se livrar do Telegram. Vermelho deve ser a cor de Moro, de tanta vergonha...