Em entrevista a Bernardo Mello Franco, do Globo, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse “maravilhas” sobre Bolsonaro. Coisas como “insano” e líder de “minoria sectária” que pretende “criar confusão e dividir o país”. Na sexta passada, Bolsonaro foi gravado usando um tom pejorativo ao se referir ao Flávio Dino, em conversa com Onyx Lorenzoni. Disse: “Daqueles governadores ‘de paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada com esse cara”.
Na opinião de Flávio Dino, Bolsonaro dá declarações “extremistas” (como “governadores de paraíba”) para esconder seu “mau governo”. Usa o método de discriminação, de perseguição, de preconceito e de ódio. Lembrou de outro vídeo, em que diz que todo nordestino é “pau de arara” e “cabeça chata” (em live com o ministro Tarcísio Freitas, na quinta à noite) e concluiu que isso nada mais é que a repetição de tratamentos pejorativos para menosprezar uma região que concentra um terço da população brasileira.
Flávio Dino disse que ficou surpreso com o tom do presidente, uma agressão gratuita. Não havia nenhum episódio que justificasse esse nível de agressividade, de perseguição e de retaliação. “Essa agressividade não é da tradição brasileira. João Figueiredo, o último presidente da ditadura militar, manteve relações institucionais com governadores de oposição, como Franco Montoro (SP) e Leonel Brizola (RJ)”, disse. E acrescentou: “Isso deriva da visão extremista e sectária que ele tem praticado. Um traço do discurso fascista é a identificação de inimigos para justificar suas próprias carências”.
Em 5 dias, Bolsonaro deu 5 declarações citando Flávio Dino como adversário, que comentou com risos: “Parece que o presidente resolveu me lançar. Eu não trato de eleição agora. Quem só pensa na próxima eleição é o presidente, que deveria pensar em governar”.