20/07/2019 às 12h31min - Atualizada em 20/07/2019 às 12h31min

ESTADÃO COMPROVA: BOLSONARO ESTÁ PERDIDO NO TEMPO E NO ESPAÇO


O jovem que se espreguiça na janela, nessa manhã de sábado. O porteiro entediado. Os motoristas que tentam chegar a algum lugar. Até a menina fora de época que tem um bambolê no pescoço. Todo mundo sabe que esse é um governo inteiramente despreparado para governar um botequim, muito menos ainda para governar um Brasil. E o Estadão de hoje, na área de opinião, detalha muito bem o que o país inteiro já percebeu. Não há um governo, há uma aberração.
O assunto mais falado pelo presidente da República: a pesca. Ok, taoquei. Foram 45 minutos e 35 segundos dedicados à pescaria. A pesca da tilápia, por exemplo, ocupou sozinha 15 minutos e 47 segundos das transmissões de quinta-feira. Enquanto a saúde pública, uma preocupação nacional, ficou com apenas 7 minutos e 33 segundos, ocupando, a 20.ª posição entre as preocupações presidenciais.
Por outro lado, a segunda preocupação, está bem presente em todo o país: a internet!!! Foram 41 minutos e 20 segundos de internet. Em seguida, as armas (36 minutos e 55 segundos). Depois, as relações exteriores (29 minutos e 26 segundos) e as regras de trânsito (28 minutos e 27 segundos), com destaque para a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Seus aliados tentam justificar dizendo Bolsonaro “quer (com as lives) mostrar à população que continua o mesmo Jair Bolsonaro de antes de ser presidente”. E o Estadão mostra o grande equívoco: Bolsonaro, presidente, tem hoje responsabilidades completamente diferentes das que tinha há pouco mais de seis meses, quando ainda não tinha assumido a presidência.
 
Para humilhar ainda mais, o Estadão lembra que, em 1.º de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, com atribuições e deveres especialmente graves. Por exemplo, cabe ao presidente da República “exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal”. Portanto, o desenvolvimento econômico e social do País depende em boa medida do modo como o presidente realiza suas tarefas. Se é verdade que a pescaria era uma de suas principais preocupações, esperava-se que, depois de empossado, Bolsonaro desse prioridade aos temas nacionais. O Estadão ainda faz questão de lembrar que, em 2012, o então deputado Bolsonaro foi autuado por pescar na Estação Ecológica de Tamoios, uma área protegida entre os municípios de Angra dos Reis e Paraty (RJ)...
 
O editorial continua: “por mais informais que sejam as transmissões de quinta-feira, elas têm inevitavelmente um caráter de comunicação do Poder Executivo federal com o cidadão”. Não é à toa que vários integrantes do governo participam das lives presidenciais. O general Augusto Heleno já apareceu 7 vezes nas transmissões. O secretário da Pesca, Jorge Seif Junior, quatro vezes. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o ministro da Educação, Abraham Weintraub,  o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, e o porta-voz, general Rêgo Barros, já estiveram três vezes no programa ao vivo. Portanto, não deveria ser algo como “conversa de botequim”.
A fala de um presidente da República, seja quem ele for, tem peso. Logo, lembra ainda o Estadão, é preocupante que, nessa comunicação direta com a população, a educação ocupe apenas o oitavo lugar entre os temas mais falados, depois das armas e da relação com os Estados Unidos (que ocupa a sétima colocação).
O mais maluco ainda é que assuntos que receberam destaque na campanha eleitoral de Bolsonaro agora perderam, digamos, prestígio. A segurança pública, tão importante na campanha eleitoral, recebeu apenas 18 minutos e 16 segundos (11.º lugar) nas transmissões. As privatizações estiveram em 28.º lugar no ranking das preocupações do presidente e o tema dos investimentos e empregos, em 44.º.
O editorial encerra lembrando que temos 13 milhões de desempregados. Logo: “há uma economia a ser reerguida. Há várias reformas estruturantes a serem realizadas. Seria muito oportuno que as preocupações do presidente expressassem, com bom conhecimento de causa, as reais prioridades do País”.
Definitivamente, esse editorial deu voz a quem acreditou e a quem não acreditou no truque do taoquei.


Leia também nos Estadão.
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