07/07/2019 às 12h14min - Atualizada em 07/07/2019 às 12h14min
MORO E SEUS PROCURADORES TENTARAM DERRUBAR NICOLÁS MADURO, DA VENEZUELA
Em agosto de 2017, o atual ministro da Justiça(!) Sergio Moro, que na época era juiz federal em Curitiba, sugeriu aos procuradores integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato atuarem na Venezuela contra o presidente Nicolás Maduro. A ideia era expor informações sigilosas sobre corrupção na Venezuela.
"Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?" (PGR, Procuradoria Geral da República, na época conduzida por Rodrigo Janot, que ficou no cargo até 17 de setembro de 2017)
O grupo chegou a trabalhar durante meses no projeto e chegaram a trocar informações com procuradores venezuelanos que vasculharam contas utilizadas pela Odebrecht supostamente para pagar suborno a autoridades do governo Maduro na Suíça.
Acontece que, em 2016, a Odebrecht teria reconhecido pagar propina para fazer negócios em 11 países além do Brasil, incluindo a Venezuela. E foi feito acordo pela Odebrecht, assinado com autoridades brasileiras, dos Estados Unidos e da Suíça, estabelecendo que as informações só poderiam ser compartilhadas com investigadores de outros países se eles garantissem que não tomariam medidas contra a empresa e os executivos que tivessem se tornado delatores.
Em função disso, Deltan Delagnol indicou que buscariam maneira de contornar os limites do acordo e comunicou a intenção de mover uma ação pelo crime de lavagem de dinheiro internacional. "Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos", acrescentou o procurador.
Moro deu a entender que estaria mais preocupado com a divulgação das informações da Odebrecht do que com a possibilidade de uma ação judicial. "Tinha pensado inicialmente em tornar público", escreveu a Delagnol. "Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade."
O procurador respondeu a Moro: "Não dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontãnea [à Venezuela] e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público", disse. "Paralelamente, vamos avaliar se cabe acusação."
Ou seja, um procurador da República, que tem a função de checar se as leis que defendem o patrimônio nacional estão sendo cumpridas e também de garantir que os interesses individuais e sociais listados na Constituição Federal sejam respeitados, sugerindo burlar a lei!
Membros do grupo mostraram preocupação. "Vejam que uma guerra civil lá é possível e qq ação nossa pode levar a mais convulsão social e mais mortes", escreveu o procurador Paulo Galvão. "Imagina se ajuizamos e o maluco manda prender todos os brasieliros no territorio venezuelano", disse Athayde Ribeiro Costa.
Em resposta a Paulo Galvão, Delagnol disse que era exagero dele: "PG, quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgir."
Para Delagnol, objetivos políticos justificavam a iniciativa. "Não vejo como uma questão de efetividade, mas simbólica", afirmou aos colegas defensores da Justiça. "O propósito de priorizar [a ação] seria contribuir com a luta de um povo contra a injustiça, revelando fatos e mostrando que se não há responsabilização lá é pq lá há repressão."
Meu Deus! É isso que faz um procurador da Justiça??? Sua função é buscar formas de burlar a Justiça para fazer “justiça”?!?!?!???!
É melhor repetir Chico Buarque: “Chame, chame, chame, chame o ladrão, chame o ladrão!”
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Folha.