O ministro francês do Meio-Ambiente, François de Rugy, anunciou, nessa terça-feira, que o acordo UE-Mercosul “só será ratificado se o Brasil respeitar os seus compromissos, especialmente em relação à luta contra o desmatamento da Amazônia”. Durante entrevista à rádio Europe 1, o ministro também falou que “A nova Comissão Europeia e sobretudo o Parlamento Europeu irão analisar, minuciosamente, esse acordo antes de ratificá-lo”, afirmou. “É preciso lembrar a todos os países, entre eles o Brasil, de suas obrigações”. A declaração do ministro foi feita quatro dias depois da assinatura do acordo e ressaltou: “Quando assinamos o Acordo de Paris colocamos em prática uma política que permite atingir objetivos de redução de emissão de gases do efeito estufa e de proteção da Floresta Amazônica”. Nessa segunda-feira, as notícias sobre o crescimento de quase 60% do desmatamento na Amazônia em relação a junho de 2018, alarmaram o mundo. Segundo o jornal O Globo, a floresta “perdeu duas cidades do porte de Paris”. Mais cedo, a porta-voz do governo francês, Sibeth Ndiaye, já adiantava o recuo, durante entrevista à BFMTV e à rádio RMC. “O texto precisa ser analisado detalhadamente”. A exemplo do acordo de livre comércio entre a UE e o Canadá, a França exigirá garantias aos países do Mercosul”. E concluiu: “No momento, a França não está pronta para ratificar o acordo”. Ecologistas do mundo inteiro e produtores de carne da França pressionam o governo de Macron contra o acordo. O próprio presidente Emmanuel Macron já avisou, no sábado, durante a reunião do G20, no Japão, que estaria “vigilante sobre a sua aplicação”. Informações que circulam aqui no Brasil, através do G1, o encontro informal entre o presidente francês com Jair Bolsonaro, também no G20, teria sido tenso. Macron teria perguntado a Bolsonaro “Você aceita se reunir comigo e com o Raoni?" Bolsonaro teria respondido “Não” e ainda desqualificando a importância da liderança de Raoni no Brasil. É bom lembrar que o presidente Macron prometeu ajudar Raoni e outras lideranças na luta contra o desmatamento da Amazônia e apoiar as nações indígenas brasileiras ameaçadas, durante o encontro que tiveram na sede do governo francês, no dia 17 de maio desse ano. O mesmo apoio Raoni e os índios brasileiros receberam do Papa Francisco, no dia 27 de maio, no Vaticano. Pelo jeito, o fogo que arrasa com a Amazônia só aumentou o “calor” e a pressão entre as autoridades francesas.