01/11/2021 às 16h58min - Atualizada em 01/11/2021 às 16h58min

FINANCIAL TIMES: BOLSONARO É 'INCAPAZ'

DIFICILMENTE SERÁ REELEITO

 
O Financial Times, aquele jornal britânico com foco no mundo financeiro, publicou que Bolsonaro cometeu prevaricação (crime praticado pelo funcionário da Administração Pública que abusa do poder que possui, provocando prejuízos sociais e econômicos para o país) na compra de vacinas contra a Covid-19 e foi incapaz de gerir as crises econômica e social que assolam o País.
 
O jornal britânico fez um editorial duro, com o título de "As falhas de Jair Bolsonaro vão muito além da pandemia" e previu uma "luta difícil" pela reeleição, diante de uma recuperação vacilante da economia (coisa que, aliás, não é difícil prever...).
 
"Ao entrar no último ano de seu mandato, Bolsonaro se mostrou incapaz de administrar a economia ou a pandemia, e a maior nação da América Latina está pagando um preço alto", afirma o FT, que cita as mais de 600 mil mortes pelo coronavírus e diz ser "fácil" culpar o presidente pela magnitude da crise causada pela Covid-19.
"Suas tentativas de minimizar a pandemia como uma gripezinha, sua prevaricação sobre as vacinas, sua veemente oposição às restrições sanitárias e sua promoção obstinada de remédios duvidosos forneceram ampla evidência para os críticos", destaca o jornal.
 
O FT cita ainda os processos que podem ser enfrentados por Bolsonaro, como os pedidos de indiciamentos presentes no relatório da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid. "Poucos presidentes em exercício enfrentam tantos problemas jurídicos quanto o líder de extrema direita do Brasil", afirma o jornal no começo do editorial.
"A Suprema Corte está investigando alegações de que ele e seus filhos espalharam notícias falsas deliberadamente. E ativistas ambientais querem que o Tribunal Penal Internacional investigue por crimes contra a humanidade por seu suposto papel na destruição da floresta amazônica".
 
O FT, no entanto, vê poucas chances dos casos prosperarem na Justiça, devido ao alinhamento com o Palácio do Planalto do procurador-geral da República, Augusto Aras, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). "A Suprema Corte, por sua vez, reluta em provocar uma crise constitucional e levar um presidente em exercício a julgamento", afirma o texto sobre o STF (Supremo Tribunal Federal).
 
'Farra de gastos'
Com a via judicial "bloqueada" por questões políticas, o FT aposta na economia como a pedra no sapato para os planos políticos de Bolsonaro. "A ameaça mais potente às esperanças de reeleição de Bolsonaro pode muito bem vir a ser econômica, em vez de legal", avalia o editorial.
"A rápida recuperação econômica do Brasil da pandemia está vacilando e alguns analistas já estão prevendo que o crescimento ficará negativo no próximo ano. O mercado de ações está tendo sua pior performance desde 2014, o real enfraqueceu e o risco-País subiu." O FT chama o plano de pagar R$ 400 no novo Auxílio Brasil em 2022 de "farra de gastos pré-eleitorais".
 
"A indisciplina fiscal do governo e o espectro da inflação de dois dígitos já levaram o Banco Central independente a aumentar as taxas de juros", afirma o texto. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é lembrado como um ex-guru da ortodoxia fiscal e, hoje, como alguém que cedeu ao financiamento do programa social com viés eleitoral.
A debandada da equipe de Guedes após a alteração no teto de gastos também é citada. "Quatro de sua equipe renunciaram à decisão e ele pode vir a desejar tê-los ouvido com mais atenção", diz o FT.
 
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