16/08/2021 às 07h26min - Atualizada em 16/08/2021 às 07h26min

​GARGALHADAS NO SENADO

O CIRCO DE BOLSONARO CHEGOU

 
A possibilidade de impeachment de Bolsonaro, apesar de difícil, é possível. É triste para um país que se vê nessa situação. Por outro lado, é cômica a reação de Bolsonaro pedindo ao Senado a abertura de processo contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). O país não sabe se chora ou se ri.
A cúpula do Senado e líderes na Casa, obviamente, consideram que o pedido de abertura de processo uma ação com chances mínimas de avançar e que se trata mais de uma forma de ataque retórico contra as instituições.
Por outro lado, esses mesmos senadores buscam agir nos bastidores para evitar o constrangimento de ver Bolsonaro criar um "circo" na Casa, como escolher um dia movimentado de sessão plenária para entregar pessoalmente o pedido nas mãos do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Alguém poderia considerar isso uma palhaçada, mas seria uma ofensa aos profissionais do riso.

Aliados de Pacheco afirmam que ele não se recusará a receber o pedido pessoalmente de Bolsonaro. Mas destacam que ele vai dar um jeito de explicar a Bolsonaro que, mineiro como é, prefere não se envolver na polêmica e dar um tratamento apenas técnico ao pedido. Ou seja, lançar no escaninho do “ESQUECER”.

O problema principal para Pacheco é que ele tem carreira jurídica e não gostaria de aparecer na foto como ‘aquele que  recebeu pedido de impeachment de ministros do Supremo. Por isso, dizem que vai agir para achar um "denominador comum".

Bolsonaro está tão entusiasmadinho com sua ideia ”maravilhosa” de ingressar com pedido de abertura de processo no Senado contra os ministros do STF (Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso), que talvez tenha passado esses dias todos sonhando com a cena.

Mas o mais engraçado foi o argumento de desculpa que escreveu em sua rede social: "Todos sabem das consequências, internas e externas, de uma ruptura, a qual não provocamos e desejamos. De há muito, os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, extrapolam com atos os limites constitucionais. Na próxima semana, levarei ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, um pedido para que instaure um processo sobre ambos, de acordo com o art. 52 da Constituição Federal", completou.

O artigo mencionado prevê que cabe ao Senado a competência de processar e de julgar os ministros do Supremo nos crimes de responsabilidade. No caso, eles seriam condenados porque condenam os ataques absurdos de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, contra o sistema eleitoral brasileiro e contra as instituições.
Barroso assinou uma queixa-crime contra Bolsonaro e recebeu o apoio do plenário da corte eleitoral para enviá-la ao STF. Moraes, por sua vez, incluiu Bolsonaro como investigado no inquérito das fakenews, além de ter determinado a prisão de bolsonaristas.

Os senadores consideram que o pedido de abertura de processo contra Barroso e Moraes serve apenas como uma resposta retórica para os eventos recentes, em particular a prisão de Roberto Jefferson e a abertura de inquéritos contra o próprio presidente pelo Supremo.
Um aliado de Pacheco lembra que o pedido vai entrar em uma fila atrás de outras 17 iniciativas de abertura de investigação contra os ministros do Supremo. Já há 10 pedidos contra Moraes e 5 contra Barroso — e alguns pedidos solicitam processos contra mais de um ministro.
Essa fila de pedidos se refere a apenas os ingressados neste ano, após a posse de Pacheco como presidente do Senado, em fevereiro. Antes de deixar o cargo, Davi Alcolumbre (DEM-AP) arquivou todos os existentes até então.

Além disso, vale lembrar o difícil caminho desses pedidos dentro do Senado. A primeira barreira está no próprio Pacheco, um "garantista" que não se deixaria pressionar por "reações no calor do momento".
Caso decida ler a denúncia em um expediente de sessão plenária, o que parece ser improvável, a questão passaria ainda por uma comissão especial, que analisaria o parecer de um relator. Além da comissão, esse parecer precisaria ser aprovado em plenário, para apenas então o Senado decidir se a denúncia é ou não é passível de deliberação.

Até lá, quem sabe, o país já teria condenado Bolsonaro nas urnas.

Leia também no Brasil247 e na Folha.
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »