23/02/2021 às 08h41min - Atualizada em 23/02/2021 às 08h41min

​ ESPERTEZA GERA ESPERTEZA

SUPREMO EXIGE INVESTIGAÇÃO SOBRE DELEGADA


Sabe aquela história de Moro e procuradores lá de Curitiba? Histórias mal contadas começam a aparecer. Um exemplo seria o da delegada da PF, Érika Marena. O STF está exigindo que o Ministério da Justiça investigue a sua conduta que, durante investigações da Lava Jato, teria inventado depoimento inexistente de uma testemunha. Os próprios procuradores disseram que ela lavrou depoimento sem ter de fato ouvido um delator. A conduta da delegada Érika Marena foi revelada, aliás, em diálogos entre os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior. Ela também é apontada como a responsável pelo suicídio do então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier. Ele se matou em 2 de outubro de 2017 depois de ser ilegalmente preso e perseguido por Marena.

Nos novos diálogos de procuradores da Lava Jato, enviados ao Supremo pela defesa de Lula nessa segunda-feira, 22, a delegada da Polícia Federal Erika Marena é acusada de forjar e assinar depoimentos que jamais ocorreram na operação.
 
Erika Marena foi a delegada responsável pela operação que perseguiu reitores em Santa Catarina, prendendo ilegalmente Luiz Carlos Cancellier, então reitor da UFSC e que se suicidou depois de uma humilhação pública com acusações de corrupção na universidade. Em 2018, ela foi convidada por Sérgio Moro para integrar a equipe dele no Ministério da Justiça. Depois que ele saiu, ela acabou exonerada.
Nos diálogos, os procuradores da Lava Jato revelam que Erika praticou uma falsificação. Pensando atender pedidos dos procuradores, Erika criou um falso termo de depoimento, simulando ter ouvido a testemunha com escrivão e tudo, “quando não ouviu nada”.

O incrível é que essa constatação consta de diálogo mantido entre os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior em janeiro de 2016. Nele, eles relatam:
"Como expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada... Dá no mínimo uma falsidade... DPFs são facilmente expostos a problemas administrativos", disse Deltan.

Orlando Martello Júnior mostra preocupação com a possibilidade de esses problemas administrativos levarem ao descrédito da força-tarefa de Curitiba. Diz que “se deixarmos barato, vai banalizar”.
Então propõe uma saída: “combinar com ela de ela nos provocar diante das notícias do jornal para reinquiri-lo ou algo parecido. Podemos conversar com ela e ver qual estratégia ela prefere. Talvez até, diante da notícia, reinquiri-lo de tudo. Se não fizermos algo, cairemos em descrédito”.

Para a defesa de Lula, a sequência do diálogo mostra que o uso de depoimentos forjados era algo reiterado pelo grupo de procuradores de Curitiba. O diálogo segue na mensagem de Martello Júnior a Deltan Dallagnol.
“O mesmo ocorreu com padilha e outros. Temos q chamar esse pessoal aqui e reinquiri-los. Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me incluo. Era uma coisa óbvia q não vimos. Confiamos nos advs e nos colaboradores. Erramos mesmo!”, diz.

Eles se preocuparam também com a eficiência das colaborações premiadas utilizadas pela força-tarefa. “Se os colaboradores virem uma reação imediata, vão recuar. O Moura quer ficar bem com JD e demais, ao mesmo tempo em q se da de bobo e nada acontece com ele. A prova, igualmente, fica prejudicada”, complementa Martello Júnior.
“Concordo, mas se o colaborador e a defesa revelarem como foi o procedimento, a Erika pode sair muito queimada nessa... pode dar falsidade contra ela... isso que me preocupa”, responde Deltan.

Essas mensagens tão, digamos, “instrutivas” entre procuradores foram apreendidas no curso da chamada operação "spoofing".
Exclamação que insiste em se expor: “Meu Deus!”
 
Assista ao Boletim sobre a falsificação de Marena aqui.

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