20/02/2021 às 11h39min - Atualizada em 20/02/2021 às 11h39min

GUSTAVO FRANCO ELOGIA BOLSONARO

COMPARA A HUGO CHÁVEZ...

 
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, resolveu ironizar a intervenção de Bolsonaro na Petrobras declarando: “Boa tarde, Venezuela!”. Foi nessa sexta-feira, 19. Ele procurou associar Bolsonaro a Hugo Chávez, que no início dos anos 2000, quando assumiu a presidência do país, demitiu o presidente da estatal venezuelana de petróleo e colocou um militar em seu lugar. Mas isso até pode ser considerado um elogio...
 
A declaração foi logo após Bolsonaro anunciar que substituirá o atual presidente da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco, pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna. A estatal divulgou uma nota ao mercado, na noite desta sexta-feira, em que frisa que o mandato de Castello Branco vai até o dia 20 de março.
A empresa simplesmente disse que recebeu do Ministério de Minas e Energia pedido de providências para a convocação da Assembleia Geral Extraordinária sobre a substituição do presidente da companhia e que “a União propõe, em função da última Assembleia Geral Ordinária ter adotado o voto múltiplo, que todos os membros do Conselho de Administração sejam, imediatamente, reconduzidos na própria Assembleia Geral Extraordinária, para cumprimento do restante dos respectivos mandatos”.
 
É importante destacar que a nomeação de Luna e Silva como novo presidente da Petrobras somente será efetivada quando for aprovada pelo conselho de administração da empresa, que deve se reunir na próxima semana.
Bolsonaro, que obviamente está preocupado com os próximos resultados eleitorais para presidência da República, resolveu usar o preço do combustível como cabo (sem trocadilho...) eleitoral. Sentiu fortemente a pressão popular por causa dessas altas. Neste ano, já foram anunciados quatro aumentos, o último na última quinta-feira, 18.
 
Bolsonaro treme quando pensa em greve de caminhoneiros. Em 2018, quando ainda era candidato à Presidência, apoiou o movimento, que interferiu na economia. Ele não quer que se repita sob seu governo e, por isso, anuncia que vai eliminar impostos federais sobre o diesel a partir de 1º de março.
Na sua live semanal nesta quinta-feira, 18, ele reclamou dos aumentos sucessivos e disse que “alguma coisa” ia mudar na Petrobras.
O presidente em queda, Castello Branco, era escolha do ministro da Economia, Paulo Guedes. Obviamente, era bem visto pelo mercado, tinha a missão de preparar a empresa para privatização.
 
Segundo reportagem da Veja, fontes ligadas ao Conselho e à cúpula da empresa afirmaram que foram todos apanhados de surpresa com a medida anunciada pelo governo.
As mesmas fontes disseram que Bolsonaro não poderia colocar o militar em substituição de Roberto Castello Branco – demitido nesta mesma sexta –, pois isso a viola as normas internas da Petrobras.
O estatuto da empresa estabelece, por exemplo, que para indicar um novo presidente para a empresa, o governo deve escolher somente entre nomes que já formam parte do Conselho da Petrobras, o que não é o caso do general Silva e Luna.
Outro problema da troca de presidentes na Petrobras é que Bolsonaro não poderia ter tomado a medida sem consultar o Conselho de Administração da estatal.
 
Em sua live nesta quinta, 18, Bolsonaro adiantou que haveria mudanças na empresa, mas também admitiu que não poderia interferir diretamente na mesma. “Eu não posso interferir e nem iria interferir na Petrobras. Se bem que alguma coisa vai acontecer na Petrobras nos próximos dias, tem que mudar alguma coisa, vai acontecer”. E realmente aconteceu: mostrou que pode interferir, mesmo não podendo...
 
Silva e Luna
Antes de dirigir a usina Itaipu, Silva e Luna tinha sido ministro da Defesa do governo Michel Temer.
Ele aparece envolvido no episódio do tuíte golpista do general Eduardo Villas Bôas. Em 2018, o então comandante do Exército tentou pressionar o STF para que não concedesse habeas corpus ao ex-presidente Lula, preso pouco tempo depois. Villas Bôas revelou em livro que a elaboração da mensagem teve participação da cúpula da Força que liderava.
Informações recebidas pelo jornal Folha de São Paulo dão conta de que o governo Temer se mobilizou para atenuar o conteúdo da mensagem. Segundo essas informações, Luna teria ficado chocado com o texto original.
 
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