10/11/2020 às 07h37min - Atualizada em 10/11/2020 às 07h37min

CAOS NA ELEIÇÃO AMERICANA

VOTOS SERÃO RECONTADOS


Os Estados Unidos não são um país sério, como diria Carlos Alves de Souza Filho. Não são capazes nem mesmo de ter um sistema eleitoral decente, que, por exemplo, dê condições a cada eleitor americano de votar em seu candidato a presidente. Em vez disso, igualam a eleição presidencial às proporcionalidades dos estados, como se estivessem elegendo deputados ou senadores. E tem mais, uns votos podem ser feitos pelo correio, as datas podem variar... e depois reclamam por eleger um Trump!
 
Temos que reconhecer que está sendo Trump quem está pondo o dedo na ferida eleitoral americana. Acabou conquistando o direito de que seus protestos sejam levados a sério. Não que ele pareça ser tão sério assim, mas porque o sistema eleitoral definitivamente não é sério.
 
O procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, agiu corretamente, quando autorizou os promotores federais a começarem a investigar “alegações substanciais” de irregularidades eleitorais em todo o país. Um choque nas tradições malucas deles. Alguns dizem que “faltam evidências de qualquer fraude importante”, como se houvesse fraude sem importância...
A intervenção de Barr, que tem sido frequentemente acusado de politizar o DoJ (Departamento de Justiça) e que foi nomeado por Trump, atende a um direito justo de duvidar de que haja precisão naquele caos eleitoral americano. Joe Biden já foi até confirmado, nesse sábado, dia 7, como presidente eleito, depois de vencer (será que venceu?) a importante batalha da Pensilvânia.
 
Barr escreveu nessa segunda-feira, dia 9, aos procuradores de todo o país, dando sinal verde para investigar “alegações substanciais de irregularidades na votação e na tabulação de votos”, antes que os resultados da eleição presidencial em suas jurisdições sejam certificados. Como o próprio Barr admite em sua mensagem, tal movimento dos promotores federais para intervir no meio de uma eleição tem sido tradicionalmente desaprovado, com a visão de que as investigações sobre possíveis fraudes devem ser realizadas somente após o término da disputa. Mas ele considerou essa “abordagem como passiva e retardada”.
 
A ação, claro, foi saudada com alegria pelos apoiadores de Trump, mas com ceticismo de advogados e especialistas eleitorais. Poucas horas depois da notícia, o New York Times relatou que o funcionário do departamento de justiça que supervisionava as investigações de fraude eleitoral, Richard Pilger, havia renunciado ao cargo.
“Tendo me familiarizado com a nova política e suas ramificações”, Pilger teria dito aos colegas por e-mail, “devo, lamentavelmente, renunciar ao meu cargo de diretor do Departamento de Crimes Eleitorais”.
 
As dúvidas sobre as intenções de Barr teriam aumentado depois que foi relatado que algumas horas antes de a carta aos promotores ser divulgada, ele teria se encontrado com Mitch McConnell, o líder da maioria no Senado Republicano. E daí? Claro que Barr tem muito que agradecer a quem o promoveu. Mas o fato é que o sistema eleitoral americano é uma porcaria e antidemocrático. Pior do que isso é ter que concordar que Bolsonaro acertou em não cumprimentar Joe Biden pela vitória que ainda não se sabe se aconteceu ou não aconteceu. Deve ter sido influência de Xi Jinping...
 
Leia também em The Guardian.

 
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