O Brasil é um dos países que menos testa a população para a contaminação do coronavírus, apesar do alerta dos cientistas e da Organização Mundial de Saúde sobre a importância do protocolo para diminuir a subnotificação do número de contaminados. Só assim o combate à pandemia pode ter um planejamento mais eficaz.
Reportagem do jornal O Estado de São Paulo, nesta quinta-feira, 30, mostra que o país não testa porque o governo Bolsonaro não se preparou para combater o coronavírus (Covid-19). O ministério da Saúde tem um estoque de 9,85 milhões de testes, quase o dobro dos 5 milhões que foram distribuídos para os estados e municípios. Será que o negacionismo, a tese da chamada “gripezinha”, impediu que as autoridades de saúde se informassem da necessidade de comprar os insumos necessários para a realização dos testes? Como Bolsonaro seguiu o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na luta para desqualificar a OMS, aconteceu que cientistas e especialistas, quando foram comprar no mercado internacional, já não havia o material disponível. O ministério da Saúde admitiu a dificuldade para adquirir os reagentes para processar os resultados, mas disse que está trabalhando para normalizar a situação. Difícil vai ser prever quando esses testes chegarão à população. Os governadores e prefeitos, que desde cedo se preocuparam com a gravidade da pandemia, conseguiram importar uma quantidade de testes completos. Em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, a prefeitura comprou nos Estados Unidos e deu prioridade para atender os profissionais de saúde e a população vulnerável das áreas pobres da cidade. No Ceará, o governador Camilo Santana (PT-CE) viu na testagem em massa da população uma grande aliada para combater a pandemia no estado. Pelo Twitter, ele informa diariamente os locais onde são realizados os testes. “O Governo do Estado iniciou mais um posto de testagem drive-thru. A coleta é realizada no estacionamento do Shopping Riomar Kennedy, em Fortaleza, de segunda a sábado, das 8h às 17h, e deve ser marcada previamente no site http://digital.saude.ce.gov.br/drivethru ou pelo aplicativo Ceará App. A previsão é realizar 150 testes por dia. Desde 15 de junho a população também tem acesso à testagem drive-thru no Hospital Geral de Fortaleza. O serviço já realizou 3.143 exames. O CE é um dos estados que mais testam no país, com 384.126 exames realizados até o momento”, avisa o governador cearense. Com o avanço da pandemia nos Estados Unidos, a disputa pelos insumos para os testes foi mais acirrada no mercado internacional, e o Brasil foi ficando para trás. O descontrole foi tão grande que projeções do ministério da Saúde indicavam que o país ia realizar 110,5 mil testes por dia. Os governadores e prefeitos acreditaram, esperaram e acabaram não recebendo essa ajuda de extrema importância para tentar barrar a contaminação. Segundo os últimos dados oficiais, em julho a média diária de testagem foi de 15,5 mil exames. Sem testes, sem remédios nos hospitais, o Brasil sofre com o avanço da pandemia, a cada dia que passa. Segundo o último boletim do consórcio de veículos de imprensa, divulgado nessa quinta-feira, 30 de julho, o Brasil já registrou 90.383 mortes causadas pelo coronavírus e 2.566.765 casos de contaminação. Além da falta da testagem, a insistência de parte da população de não usar a máscara prejudica ainda mais o difícil desafio de reduzir a contaminação. Entre as novos casos confirmados, está a mulher do presidente Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, infecção confirmada pelo Palácio do Planalto. O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, támbém anunciou, nessa quinta-feira, que o teste dele deu positivo. O novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, teve alta nessa segunda-feira, 27, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde estava internado desde sábado para o tratamento de complicações causadas pelo coronavírus. Como a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e a ministra Tereza Cristina, da Agricultura, estiveram em uma solenidade com Michele Bolsonaro, nessa quarta-feira, elas vão fazer o teste do coronavírus. E o presidente Bolsonaro? Ah, foi dar um pulo no Piauí e na Bahia, onde provocou aglomerações dos apoiadores, apertou a mão das pessoas - e sem máscara... Dar exemplo para que, não é? Era só um “gripezinha”.
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