21/07/2020 às 16h51min - Atualizada em 21/07/2020 às 16h51min

​POVO GUARANI DE ANGRA DOS REIS ESTÁ DE LUTO

MORREU O CACIQUE DOMINGOS VÍTIMA DA COVID-19


Tristeza na Aldeia Sapukai, em Angra dos Reis, Sul do Rio de Janeiro. O líder da maior terra indígena da região, o cacique Domingos Venite, morreu, nesta terça-feira, 21, vítima do coronavírus. Ele estava internado desde o dia 26 de junho, para tratamento do coronavírus (Covid-19), no hospital referência da cidade.
Lideranças de outras aldeias, professores e amigos do povo Guarani se mobilizaram para evitar que a contaminação avançasse pelas terras indígenas.

Pelas redes sociais, a Comissão Guarani Yvyrupa lamentou a morte do cacique Domingos, aos 68 anos. A nota de pesar lembrou que ele foi “um dos primeiros motoristas indígenas a trabalhar na saúde do povo  indígena. A sua luta sempre foi pelo direitos do nosso povo. O povo Guarani está de luto, por mais essa perda irreparável para nós”.

A Comissão também lembrou que a despedida não vai poder ser de acordo com o ritual do povo Guarani:
“Essa doença Covid 19 está matando nossos líderes sábios, ainda leva junto a força dos nossos cantos e danças que é dos nossos rituais de passagem que nós sempre fazemos dentro da tradição e costume. Faremos nosso canto nosso rezo, faremos nossas danças de passagem para o Xamõi Domingos mesmo sem poder nos despedir, mas sabemos que seu espírito segue rumo a Yvy Maraē'y, e que sempre nos proteja a nós e todas as nossas crianças.
Mbaraete Py'a guaxu pavê nhane rentarã'i kuery.
Aguyjevete!”
 
Desde o início da pandemia, os povos indígenas denunciam o descaso do governo Bolsonaro   no combate ao coronavírus, em  várias regiões do país.
No início do mês, o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, determinou que o governo cumprisse 5 medidas para defender a vida desses brasileiros, entre elas a instalação de um grupo formado pelo governo e lideranças indígenas. Mas a primeira reunião, na sexta-feira passada, dia 17 de julho, foi um desastre. Segundo a denúncia feita ao Supremo Tribunal Federal pela Articulação dos Povos Indígenas (APIB) do Brasil, os indígenas sofreram humilhações durante o encontro virtual e até foram ameaçados.
"A experiência vivida por eles foi de um tratamento desastroso, humilhante e constrangedor, situação à qual nenhum cidadão merece passar, sobretudo diante de autoridades do governo brasileiro", diz a Apib.
Eles citaram nominalmente o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Robson Santos Silva.
 
Enquanto isso, a tragédia avança nas aldeias. Uma das maiores lideranças mundiais do povo indígena, o cacique Raoni, 89 anos, está hospitalizado, em Sinop, a 503 quilômetros de Cuiabá, no Mato Grosso. Há informações que ele está deprimido com a morte da mulher, vítima da Covid-19, há um mês. O cacique já melhorou de uma infecção intestinal e recebeu a visita do Bispo Dom Canísio Klaus, em nome do Papa Francisco, de quem Raoni se aproximou ao defender a Amazônia e o povo da floresta.
 Segundo o último relatório da Apib, divulgado dia 19, o coronavírus já causou a morte de 542 indígenas, 16.656 foram contaminados e 143 povos atingidos.
 
“Não é somente número! Cada corpo Indígena tem uma encantaria ancestral. A cada Indígena que é morto, morre parte da nossa história coletiva.", escreveu Célia Xakriabá
 
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