12/06/2020 às 16h59min - Atualizada em 12/06/2020 às 16h59min

OMS ALERTA PARA A PRESSÃO NO SISTEMA DE SAÚDE DO BRASIL

DINO DIZ QUE SE BOLSONARO QUISER VISITAR OS HOSPITAIS, ELE MESMO MOSTRA PARA O PRESIDENTE


Ao ser questionado sobre a atitude do presidente Jair Bolsonaro de incitar os apoiadores para entrar nos hospitais e filmar como está a situação lá dentro, o diretor de Operações da Organização Mundial de Saúde, Michael Ryan, disse, nessa sexta-feira, que existem algumas regiões sobre forte pressão no sistema de saúde do Brasil, mas que, de uma forma geral, em termos de leitos, o país está sendo capaz de enfrentar a pandemia, segundo reportagem do correspondente Jamil Chade, do UOL. Como em algumas regiões a ocupação está acima de 80%, Ryan alertou que se os números da contaminação continuarem como estão, o país corre o risco de passar a viver uma outra realidade, o que é preocupante. E afirmou que “o Brasil está precisando de apoio”. O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyeuses, alertou que a pandemia não está perdendo força e que os países em desenvolvimento e os mais pobres, sofrem o principal impacto nesse momento. 
Segundo o consórcio de veículos de imprensa, nessa sexta-feira, o Brasil registra 41.162 mortes causadas pelo coronavírus e 809.398 casos de contaminação. Nas últimas 24 horas foram confirmadas mais 1.261 mortes.
Mesmo o país vivendo momentos tão difíceis, o presidente Bolsonaro não para de atacar os adversários. Na transmissão semanal, ao vivo, nessa quinta-feira, ele fez várias acusações de manipulação de dados contra o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A resposta do médico veio pelo Twitter.  “Quantos dos 800000 casos confirmados e das 41000 vidas perdidas a atitude tola foi a responsável? Realidade Inflada? Ainda querendo maquiar? Cuidado. A morte está na espreita e na conta dos incautos. Reflita e reze. Fique com João 8:32. Não cite. Pratique!” sugeriu Mandetta.
Quem primeiro reagiu às ameaças de intimidação aos governadores e prefeitos, ao mandar o povo entrar nos hospitais e gravar imagens, o que é ilegal, foi um dos principais alvos de Bolsonaro, o governador do Maranhão, Flávio Dino. “Se Bolsonaro não fosse essa pessoa despreparada e desesperada, saberia que não precisa mandar invadir hospital. Basta verificar os boletins que os governos estaduais publicam com o número de leitos ocupados. E se ele quiser visitar os nossos hospitais, eu mesmo mostro para ele” avisou Dino pelo Twitter. Ex-juiz federal, professor universitário, o governador maranhense, alertou.  “Bolsonaro não pode mandar invadir hospital e filmar locais onde estão pacientes e profissionais trabalhando. E também não pode mandar extraoficialmente nada para Polícia Federal. Se manda, tem que ser por ofício assinado. E ABIN não pode investigar”, refirmou o caminho da legalidade, Flávio Dino. 
O ministro do STF, Gilmar Mendes, em entrevista à Bloomberg, repercutiu os últimos protestos da população contra as atitudes autoritárias de Jair Bolsonaro e aos ataques ao STF, ao Congresso e à democracia.  
“Estamos sendo a toda hora testados. A sociedade começa a tomar consciência disso. Houve uma certa anestesia, mas as instituições têm dado demonstração de resiliência, as manifestações de rua são muito importantes no sentido de dizer que tem limite para tudo isso”, disse o ministro. 
Mendes também analisou a “irritação” de Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal, que tem dado várias decisões contrárias ao governo Bolsonaro.
“O grupo que o assessora tem uma ideia de um presidencialismo imperial. Tanto que ele usa muito a expressão ‘estão esvaziando minha caneta, o STF tirou minha caneta’, como se bastasse baixar um decreto”. 
Gilmar Mendes fez sérias considerações sobre Bolsonaro.“O vejo como uma alma angustiada, uma alma torturada”, disse o ministro. E completou: “Vejo o presidente sempre procurando inimigos ou culpados”.
O ministro do STF não acredita em uma intervenção militar, como aconteceu em 1964. “Vejo essa geração de militares como democráticos”. A maior preocupação de Mendes está nas redes sociais. “O que eu temo e temos que dar muita atenção é a esse modelo de milícia digital cuja dimensão não conhecemos bem. É uma organização criminosa que tem ligação com a polícia.”, disparou Gilmar Mendes.

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