19/05/2020 às 16h58min - Atualizada em 19/05/2020 às 16h58min

FLÁVIO BOLSONARO PAGOU R$500 MIL PARA ADVOGADO AMIGO DO QUEIROZ

O DINHEIRO ERA DO FUNDO PARTIDÁRIO DO PSL

 
Cadê o Queiroz? Desde o final de 2018, logo após a eleição de Jair Bolsonaro, o Brasil faz essa pergunta e não tem resposta. O policial militar reformado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando o filho mais velho do presidente era deputado estadual no Rio de Janeiro, é considerado a peça chave nas investigações do Ministério Público do Estado do Rio Janeiro sobre a “rachadinha” no gabinete da Alerj e também no envolvimento de outras operações financeiras e empresariais do senador .
 
A entrevista que o suplente do “01”, empresário Paulo Marinho, concedeu à jornalista Mônica Bergamo na Folha de São Paulo, publicada no  domingo, 17 de maio, trouxe mais elementos para a investigação no Supremo Tribunal Federal sobre a tentativa do presidente Bolsonaro de interferir na Polícia Federal para proteger os seus filhos. A denúncia foi feita pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. Marinho disse à Folha que o senador foi informado da operação Furna da Onça dois meses antes da deflagração da ação da Polícia Federal. Flávio Bolsonaro teria sido avisado entre o primeiro e o segundo turnos das eleições por um delegado simpatizante da candidatura de Bolsonaro à Presidência. Há informações do envolvimento do  delegado  Alexandre Ramagem, atual diretor-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que Bolsonaro queria na direção-geral da Polícia Federal. Sérgio Moro ficou sem emprego e Ramagem sem o comando da PF. O ministro do STF, Alexandre de Moraes, suspendeu a posse do delegado amigo dos filhos de Bolsonaro.
Segundo o ex-aliado, o informante teria aconselhado ainda Flávio a demitir Queiroz e a filha dele, que trabalhava no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro. Os dois foram exonerados em 15 de outubro de 2018 por ordem de Bolsonaro.
 
Nesta terça-feira, 19, mais outro capítulo dessa história. Segundo a Folha de São Paulo, a pedido do senador Flávio Bolsonaro, o PSL nacional contratou, em fevereiro de 2019,  o escritório de advocacia de um ex-assessor que hoje tem o nome envolvido no suposto vazamento de informações da PF. O contrato foi de 13 meses e meio, no valor de R$ 500 mil, pago com o fundo partidário, dinheiro público. A prestação de contas do PSL mostra que o escritório do advogado  Victor Granado Alves (Granado Advogados Associados, da qual Victor é sócio) foi contratado para prestar serviços jurídicos ao diretório do Rio, comandado por Flávio, a partir de fevereiro do ano passado.
O valor mensal pago foi de R$ 40 mil. O PSL informou que houve notificação de rescisão do contrato em 15 de janeiro deste ano, mas que uma cláusula determinava que eventual rompimento só se efetivaria 60 dias após essa comunicação. Uma das sócias do escritório, Mariana Teixeira Frassetto Granado, é assessora parlamentar do gabinete de Flávio no Senado, com salário bruto de R$ 22.943,73. De acordo com o site da Transparência do Senado, ela foi contratada em março de 2019, um mês depois da  contratação, pelo PSL, do Granado Advogados Associados. Vitor foi assessor de Flávio Bolsonaro na ALERJ (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), no mesmo período que Fabrício Queiroz teria realizado operações financeiras consideradas suspeitas pelo antigo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). De acordo com Paulo Marinho, o advogado seria um dos assessores que receberam a informação do delegado da Polícia Federal que a operação envolveria várias pessoas do gabinete. A  pedido da Procuradoria Geral da República, a PF vai investigar as informações do empresário e o Ministério Público Federal também vai apurar o suposto vazamento. O contrato com o amigo de Fabrício Queiroz foi firmado com o PSL, então partido dos Bolsonaros, em fevereiro de 2019, quando o “01” assumiu o mandato no Senado. Em tese, o contrato seria para regularizar os diretórios do partido no Rio, que Flávio Bolsonaro presidia. Mas, na prestação de contas do PSL, são citadas como realizações  do escritório “consultoria jurídica prestada às bancadas parlamentares em geral” e “atendimentos diversos”. Ao contrário do documento do advogado, o empresário Paulo Marinho deu detalhes sobre o vazamento da operação. Onde, quando, quem, e muito mais sobre os envolvidos na “ajuda” à família Bolsonaro.

No Congresso, os partidos de oposição reforçam a movimentação para a cassação do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) . O PT, o PSOL e a Rede já  entraram com uma representação no Conselho de Ética do Senado, no dia 19 de fevereiro de 2020, pedindo a cassação do “01” por quebra do decoro parlamentar. O processo  está parado até agora.

Enquanto isso, o Brasil não para de perguntar: Cadê o Queiroz? Será que agora ele aparece?
 
Leia mais na Folha Uol
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Daqui&Dali Publicidade 1200x90