Para quem pensava que ia ser a “estrela” do governo Bolsonaro, a atriz Regina Duarte está a caminho de um fim vergonhoso na Secretaria Especial de Cultura. Criticada duramente pela classe artística e rechaçada até pelos subordinados na Secretaria, a ex-atriz global não fez nada do que prometeu no dia da posse, 4 de março desse ano. 'Meu propósito aqui é pacificação e diálogo permanente com o setor cultural, com os estados e municípios, com o parlamento e com os órgãos de controle. O apoio do legislativo é indispensável para que se tornem reais os objetivos da tarefa que vamos iniciar juntos a partir de hoje”.
Já durante a cerimônia, a “ex-namoradinha do Brasil” das novelas globais viu que a realidade era outra. Quando lembrou ao presidente Bolsonaro que o convite falava em “porteira fechada”, com carta branca, a resposta veio na hora. “Todos os meus ministros receberam seus ministérios de porteira fechada. Eles têm liberdade para esolher seu time. Obviamente, em alguns momentos, eu exerço poder de veto em alguns nomes”, avisou Bolsonaro. E a dona Regina, aquela que disse que “tinha medo” do PT e do Lula, seguiu como se nada tivesse ouvido. Demitiu nomes indicados pelo guru da família Bolsonaro, Olavo de Carvalho, e aos poucos foi vendo que a “porteira estava escancarada”. Mas a dona Regina continuou apoiando as barbaridades que o chefe fazia ou publicava nas redes sociais. Não ouviu os antigos colegas de profissão e nada fez para ajudar a classe artística tão prejudicada pela pandemia do coronavírus.
Na semana passada, quando as negociações de Bolsonaro com o chamado “Centrão” do Congresso se intensificaram, para tentar evitar uma possível abertura de processo de impeachment, o primeiro nome que entrou na roda foi de quem? As notícias que Regina Duarte estava sendo “fritada”, porque o cargo dela era cobiçado pelos partidos que iam entrar no governo, ficaram mais fortes. Nem assim a dona Regina apareceu. A classe artística até produziu vídeos perguntando “Cadê a Regina?”, “Você viu a Regina”?. Mas nessa terça-feira, ao ler o Diário Oficial, a dona Regina deve ter tido a certeza que a hora dela está chegando. O maestro Dante Henrique Mantovani voltou para a presidência da Funarte. Quem assinou a nomeação foi o ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Neto. O maestro assumiu a Funarte em dezembro de 2019 e foi demitido pela dona Regina, antes mesmo de assinar os termos da posse. Mantovani é aquele que no seu canal do YouTube diz que o Rock é satânico. “O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto”, falou o discípulo de Olavo de Carvalho.
Segundo informações que vêm da Secretaria Especial da Cultura, dona Regina teria falado para uma assessora que estaria sendo dispensada por Bolsonaro. O ator José de Abreu, crítico ferrenho à ida da atriz para o governo Bolsonaro, lembrou no Twitter. “Não foi por falta de aviso. Em conversa com uma assessora, ela disse hoje que acredita estar sendo dispensada por Jair Bolsonaro. Bolsonaro humilha Regina Duarte VIOLENTAMENTE renomeando presidente da FUNARTE que ela demitiu e que ligou o rock ao satanismo! Não foi por falta de aviso”!
Na assessoria da secretária especial de Cultura, Regina Duarte, a dona Regina, disseram que ela não vai comentar as mudanças feitas sem ela saber. Não comentar é com a dona Regina mesmo. Ela não fez um comentário, nem a tradicional nota de pesar, quando importantes nomes da Cultura Brasileira nos deixaram. Foi assim na morte do cantor e compositor Moraes Moreira, do escritor Rubem Fonseca e de Garcia-Roza. Nessa segunda-feira, quando o Brasil acordou triste com a morte do compositor e escritor Aldir Blanc, vítima do coronavírus, a dona Regina também ficou muda. Como a repercussão da perda de Aldir foi imensa, como merecia um dos maiores nomes da MPB, a assessoria da secretária Regina Duarte informou que ela mandou condolências para a família, em reservado. Ah, e que secretária teria feito o mesmo com a partida dos outros importantes brasileiros?! Mas tudo escondido do chefe, que ataca constantemente os artistas que discordam do pensamento fascista dele. Será que a dona Regina também se omitiu e não lamentou a morte do ex-colega de mais de quatro décadas na TV Globo? Será que ela também não lamentou a partida tão trágica do grande ator Flávio Migliaccio, aos 85 anos, também nessa segunda-feira?
É, dona Regina, é melhor já ir saindo pela porta dos fundos porque os “holofotes do Planalto” já estão se apagando para a senhora. Falta de aviso não foi.
