Inacreditável. O governo federal não enviou para o Maranhão os respiradores fundamentais para salvar as vítimas do coronavírus. O governo do estado, então, conseguiu comprar na China. Mas agora a Receita Federal avisa que vai processar o governador Flávio Dino (PCdoB-MA)!
Para evitar a “pirataria” dos Estados Unidos - que vêm desviando as compras adquiridas na China por países, estados e empresas privadas - e também para evitar que fossem boicotadas por Jair Bolsonaro, o governo do Maranhão mandou os 107 respiradores para a Etiópia e depois a carga foi enviada para o Brasil. Nessa segunda-feira, em nota, a Receita informou que a operação “foi realizada sem o prévio licenciamento da Anvisa e sem a autorização da Inspetoria da Receita Federal em São Luís, órgão legalmente responsável por fiscalizar a importação das mercadorias”. A nota ressalta que a Receita vai “adotar providências legais cabíveis contra as pessoas físicas e jurídicas envolvidas, promovendo os competentes procedimentos fiscais, além de representação aos órgãos de persecução penal”.
A carga chegou ao aeroporto de Guarulhos, São Paulo, na semana passada. Pelo Twitter, Flavio Dino comemorou. “Conseguimos concluir a compra de 107 respiradores da China. A mercadoria chegou a São Paulo ontem e agora está sendo transportada para São Luís. Os equipamentos vão ampliar leitos para tratamento de coronavírus. Temos crescimento de casos e por isso a compra é de grande importância”.
A Infraero até concorda com Flávio Dino. No boletim de ocorrência está escrito: “Os equipamentos não serão retirados do governo do Maranhão para que as pessoas que os estão utilizando não sejam prejudicadas”.
A estratégia da importação teve uma repercussão muito positiva e o governador Flávio Dino lembrou que vários estados enfrentam problemas similares. “Pedimos ajuda de transporte ao governo federal e não conseguimos. Penso que até o avião presidencial deveria ser usado para buscar equipamentos de saúde comprados na China ou outro país. Nada é mais importante no momento”, escreveu no Twitter o governador maranhense.
Flávio Dino e os governadores do Consórcio Nordeste têm se destacado com as medidas adotadas para defender a vida da população e apoiar os trabalhadores informais que estão sem poder garantir uma renda durante a pandemia do coronavírus. Não é nenhuma coincidência que o governo Bolsonaro tenha partido para cima dele ao mandar processar o governador. Uma perseguição lamentável que Flávio Dino respondeu imediatamente, pelo Twitter. “Maranhão não praticou nenhuma ilegalidade na compra de respiradores. Mercadorias são legais, estão salvando vidas. A Receita pode abrir o procedimento que quiser e atenderemos às suas exigências. Só não aceitamos ameaças nem perseguições sem sentido”, avisou o ex-juiz federal que hoje é um dos goveradores mais bem avaliados do Brasil.
