O discurso do presidente Jair Bolsonaro durante um ato que pedia o fechamento do Congresso e do STF e a intervenção militar, nesse domingo, em Brasília, teve reação imediata de políticos, do presidente do TSE, o ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, e do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz.
O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB-MA), pelo Twitter, foi categórico. “Apenas para realçar uma obviedade: o artigo 142 da Constituição Federal NÃO prevê nenhum tipo de “intervenção militar” contra a Câmara, Senado ou Supremo. Tampouco contra a própria Constituição. Ou seja, “intervenção militar constitucional” é só mais uma maluquice”, ressaltou o governador maranhense, um dos alvos da ira de Bolsonaro, porque vem tomando medidas restritivas para combater o coronavírus. Dino, que é ex-juiz federal, também repercutiu a manifestação que um grupo de bolsonaristas fez na porta de um quartel do Exército, em Salvador. Os golpistas fizeram até ameaças à democracia e aos que eles chamaram de “comunistas”. “Outra obviedade: os que estão falando em matar, dar tiros de fuzil, invadir as casas de governantes e quebrar tudo, etc, devem ser processados criminalmente. E até presos preventivamente ou em flagrante. É isso que diz a LEI. E cabe aos inimputáveis alegar tal condição na Justiça”, concluiu Flavio Dino.
O presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, pediu a união dos democratas contra Bolsonaro, também pelo Twitter. “O presidente da República atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando as dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE”, conclamou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. O líder do MTST, ex-candidato à presidência, Gulherme Boulos (PSOL-SP) , afirmou que a solução para a situação tem de ser rápida. “Bolsonaro participou hoje de manifestação em defesa do AI-5. Todos os limites já foram ultrapassados. E sobram razões jurídicas para retirá-lo da presidência: fraude eleitoral, crimes de responsabilidade e contra a saúde pública. Tem que sair com urgência”, afirmou Boulos. Fernando Haddad, ex-candidato do PT à presidência, também foi taxativo. “O verme, mais uma vez, diz a que veio. Até quando os democratas suportarão tanta provocação, sem nada fazer? O dia do fora já chegou”, resumiu Haddad. Em entrevista à colunista da Folha de São Paulo, Mônica Bergamo, o ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, agora também presidente do TSE, criticou os protestos dos bolsonaristas que pediram a intervenção militar e até o fechamento do Supremo. “Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso”, afirmou o ministro que agora também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Barroso não quis comentar a participação do presidente Jair Bolsonaro na manifestação de Brasília.
