16/04/2020 às 09h46min - Atualizada em 16/04/2020 às 09h46min

SPY VERSUS SPY

CORONAVÍRUS ENTRA NO MUNDO DA ESPIONAGEM


Aparentemente essa história de coronavírus está perdendo emoção, as pessoas já não sabem o que fazer em suas quarentenas trancadas entre quatro paredes, todo dia vendo as mesmas caras e bocas, comendo o mesmo feijão com arroz, vendo o noticiário que se repete minuto a minuto, as crianças arrancando os cabelos umas das outras... SOCOOOOORRRROOOO!
Felizmente existem as fakenews, existem os trumps, os putins, os xi jinpings, os macrons, os johnsons... Não, não, não, os bolsonaros ainda não existem, isso é coisa de outro mundo, pura assombração!
 
Pois bem, na falta de novas emoções o The New York Times publicou uma reportagem com o título de “Rússia de Putin dissemina há anos nos EUA fake news sobre ciência”. E o subtítulo explica: “Objetivo da tática usada por Moscou é minar a confiança dos americanos em suas autoridades”. Como assim? Desde quando o povo americano precisa dos russos para desconfiar de Trump? Gol contra da reportagem...
 
O jornal ‘revela’ que “em 3 de fevereiro, pouco depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o coronavírus uma emergência de saúde global, uma conta obscura no Twitter em Moscou começou a retuitar um blog americano. Dizia que o patógeno era uma arma biológica criada para incapacitar e matar”. Fico todo arrepiado só de pensar.
 
A reportagem ainda nem descobriu que o coronavírus já foi declarado de origem natural - mas  afirma que ele veio acompanhado por um perigoso surto de informação falsa - uma "infodemia". E agora vem o mais forte: “analistas dizem que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, teve um papel importante na disseminação de informações falsas como parte de seu esforço mais amplo para desacreditar o Ocidente e destruir internamente seus inimigos”.
 
Os agentes russos teriam repetidamente plantado a ideia de que epidemias virais - incluindo surtos de gripe, ebola e agora o coronavírus - foram semeadas por cientistas americanos. A desinformação tentou minar a crença na segurança das vacinas, uma vitória da saúde pública que o próprio Putin promove em seu país.
O objetivo de Moscou seria “retratar as autoridades americanas como responsáveis por reduzir a importância dos alarmes de saúde, o que faria com que elas fossem consideradas ameaças à segurança pública” (deu pra entender o raciocínio?). Parece que esse ensinamento brilhante teria vindo de uma entrevista de Peter Pomerantsev, autor de "Nothing Is True and Everything Is Possible" (Nada é Verdade e Tudo é Possível), livro de 2014 sobre o trabalho de desinformação desenvolvido pelos russos.
Putin teria desenvolvido longa campanha por meio da mídia aberta, trolls sigilosos e blogs obscuros que regularmente projetam as autoridades de saúde dos Estados Unidos como fraudes ridículas. Ultimamente, novos disfarces e sofisticação teriam tornado essas invenções mais difíceis de ver, identificar e combater!!!
A Rússia usaria milhares de contas nas redes sociais para espalhar desinformação sobre o coronavírus —incluindo “uma teoria da conspiração de que os EUA criaram a pandemia mortal”.
A audiência do Kremlin para desinformação seria surpreendentemente grande. Seus vídeos no YouTube da rede de televisão global russa, RT, teriam em média 1 milhão de visualizações por dia, "a mais alta entre os canais de notícias". Desde a fundação da rede, em 2005, “seus vídeos teriam recebido mais de 4 bilhões de visitas”.
 
Sandra Quinn, professora de saúde pública na Universidade de Maryland que acompanha os “boatos de Putin” sobre vacinas há mais de cinco anos, disse que ele utiliza um manual antigo. "A diferença hoje é a velocidade com que isso se dissemina, e a desintegração das instituições com que contamos para compreender a verdade", disse ela em entrevista. "Acho que estamos em território perigoso".
 
Enfim, parece uma grande loucura. Tudo pode ser verdade, tudo pode ser mentira, tudo pode ser mais ou menos. Talvez seja apenas uma estratégia desenvolvida pelos dois países para dar mais animação às quarentenas do mundo inteiro. Nesse caso, parabéns! Aguardamos novas emoções.

HG

A partir de reportagem do The New York Times reproduzida na Folha.
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