Bolsonaro foi eleito presidente da República em 2018 com 57.797.847 votos, representando 55,13% dos votos válidos. Haddad, do PT, representando praticamente toda a esquerda, teve os outros 44,87% (47.040.906 votos). Ele, Bolsonaro, já tinha sido a grande surpresa da eleição no primeiro turno. O resultado do segundo turno deixou o Brasil e o mundo atônitos. Que raio de candidato é esse???!!!???.
Bolsonaro foi o resultado em grande parte de um excelente trabalho de marketing digital, onde os Filhos, sob o comando de Olavo de Carvalho, o astrólogo de Virgínia, foram o grande destaque. Mas se o marketing foi show na campanha eleitoral, dando à candidatura um perfil fortemente popular, conquistando votos inimagináveis, foi um fracasso no marketing presidencial. Por um motivo bem simples: eles são agentes da negação, da destruição, são incapazes de construir, de trazer um mínimo de realizações saudáveis para um país. Mostraram que o que mais aprenderam com o astrólogo (que orgulha-se de possuir 5 rifles para atirar como bem entender) foi destruir, não importa o que, não importa como.
O tempo de governo foi passando e eles começaram a perceber que a realidade vai além da imaginação. Como lembrou hoje em seu tweet Robson Leite, o desemprego ultrapassa os 13 milhões; o emprego informal bate recorde histórico; o PIB está em 1,1% e continua ladeira abaixo; o dólar está a R$ 5,11; a gasolina está em queda porque o país está estacionando... Ou seja, o Brasil não resiste mais a essa combinação absurda de arrogância e incompetência. Mas qual seria a alternativa? “Ou a gente reelege ‘ele’ apesar dos pesares ou vai ter que votar no Lula (Valha-me Deus! Exconjuro!)”, raciocinou brilhantemente nossa direita estúpida.
As interrogações começaram a sobrevoar as mentes atônitas de nossa direita liberal, centro direita, extrema direita – endireite-se como quiser. Como derrotar Lula? Como ter um novo Bolsonaro, que não seja burro e fascista? Qual será nosso futuro?
Tcham! Tcham! Tcham!! Surge Luiz Henrique Mandetta, médico ortopedista (formado na Emory University, em Atlanta, Georgia – uau!), deputado federal pelo DEM (olha que maravilha!) e atual Ministro da Saúde, nascido em 1964 (olha que interessante!), em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. E surge também o coronavírus, com a quarentena a tiracolo!!!
Mandetta assume rapidamente o papel de “salvador da pátria”. O Brasil fica de boca aberta diante de suas respostas simples, precisas e “salvadoras”. Defende a quarentena do coronavírus. Defende a possibilidade de adiar as eleições deste ano para o início do ano que vem. Defende o eleitorado dele. Ganhou aplausos Brasil afora.
Mas faltava mais um movimento importantíssimo: firmar-se como o grande opositor de Bolsonaro, arrancando esse título da frente de esquerda que se formou em torno de Lula. E como fazer isso? Partindo para o ataque direto, possibilitado pela proposta ridícula que Bolsonaro passou a defender como melhor forma de enfrentar a quarentena massacrante do coronavírus.
O cálculo de Bolsonaro parecia estar eleitoralmente correto. Enfrentar o vírus do desemprego e da miséria garantindo trabalho e renda para a população mais pobre, colocar o povo na rua para garantir o pão nosso de cada dia. O único “problema” é que essa “sobrevivência” econômica significaria jogar o povo nos braços do vírus – ou seja, a morte.
Mandela soube opor-se à maluquice bolsonariana. Conseguiu convencer a todos que de nada adiantaria trabalhar e ganhar dinheiro em troca da própria vida. E foi além: encontrou-se diretamente com Bolsonaro, discutiu com ele, brigou e, já na saída, tratou de dar ampla divulgação a essa oposição.
Estava assim lançada a sua candidatura a presidente da República, como opositor de Bolsonaro e alternativa a Lula. Como portavoz antivírus, passou a ser o anti-Bolsonaro.
Bela jogada. 2022 já está em campanha. Resta à esquerda saber responder.
