02/04/2020 às 14h29min - Atualizada em 02/04/2020 às 14h29min

CENAS DE TERROR NO EQUADOR

CORPOS DAS VÍTIMAS DO CORONAVÍRUS SÃO JOGADOS NAS RUAS

 
As imagens e relatos que chegam do Equador chocam o mundo. A pandemia do coronavírus agravou a crise política que o país vive com o governo do presidente Lenin Moreno, eleito pelo ex-presidente de esquerda Rafael Corrêa, mas que traiu logo depois da posse em 2017. Jornalistas e o povo equatoriano denunciam ao mundo que as pessoas infectadas com o vírus morrem nas casas e nas ruas e  o governo leva dias para recolher os corpos. A cidade Guayaquil é um dos epicentros dessa tragédia.

"Meu tio morreu em 28 de março e ninguém vem nos ajudar. Vivemos no noroeste da cidade. Os hospitais disseram que não tinham macas e ele morreu em casa. Ligamos para o 911 (serviço de emergência) e nos pediram paciência. O corpo ainda está na cama, onde ele morreu, porque ninguém pode tocá-lo", diz Jésica Castañeda, sobrinha de Segundo Castañeda, para repórteres da BBC.

A província de Guayas, onde Guayaquil está localizada, registrou, ao menos segundo os dados oficiais até 1º de abril, mais vítimas da covid-19 do que países latino-americanos inteiros: 60 mortos e 1.937 infectados (1.301 apenas na capital da província, Guayaquil). No mesmo período, na Colômbia, por exemplo, são 16 mortos, e na Argentina são 27. Os relatos dos sobreviventes em Quayaquil são dramáticos. Uma jovem  moradora da cidade conta que o pai morreu em seus braços e passou 24 horas em casa. "Eles nunca o testaram para o coronavírus, apenas nos disseram que poderiam agendar uma consulta e falaram para tomar paracetamol. Tivemos que remover o corpo com recursos particulares, porque não recebemos respostas do Estado".

A repórter Blanca Moncada, do Diário Expresso, denuncia a demora do governo em decretar medidas para conter a contaminação do coronavírus no país. “As pessoas chegavam do exterior e não passavam por nenhuma quarentena”. Bianca fez uma série de postagens no Twitter solicitando informações de parentes e vizinhos de pessoas que vivem o drama de não conseguir enterrar os seus mortos. ”Tomei essa decisão por causa do grito desesperado de muitos cidadãos que precisam esperar 72 horas ou mais pelas autoridades para coletar os corpos que permanecem nas casas. Busco quantificar a magnitude dessa tragédia porque, em questão de números, Guayaquil é agora uma grande nuvem cinza”.

Ela agradece o apoio da imprensa internacional ao divulgar o drama vivido pelo povo equatoriano. Com a tragédia do Equador exposta ao mundo, o presidente Lenin Moreno criou uma força tarefa para enterrar os mortos.O comandante da Marinha Nacional, Darwin Jarrín, que assumiu a coordenação militar e policial da Província de Guayas, em 30 de março, disse à BBC News Mundo que até essa quinta-feira, 2 de abril, todos os mortos em Guayaquil estarão enterrados.
"O Ministério da Saúde entrega a certidão de óbito aos hospitais, a Polícia e a CTE (Comissão de Trânsito do Equador) transferem os corpos para os dois cemitérios — Parques de La Paz, em Aurora, e o Panteão Metropolitano, na estrada para o litoral — e as forças armadas os enterram", garantiu Jarrín.

A tragédia vivida pela cidade, na última semana de março, onde mais de 300 corpos foram recolhidos pela polícia, vai provocar outras graves consequências, segundo o jornal El Comercio. A crise gerou conflitos entre a prefeita de Guayaquil, Cintia Viteri, e o governo de Lenin Moreno. Em quarentena por estar infectada com o coronavírus, ela  reclamou, desde o início, da conduta das autoridades nacionais e denunciou as graves deficiências do sistema público do país. “Eles não tiram os mortos de suas casas. Eles os deixam nas calçadas, caem na frente de hospitais. Ninguém quer buscá-los. E os nossos pacientes? Famílias perambulam por toda a cidade, batendo nas portas para um hospital público recebê-los, mas não há mais leitos".

Nesta quinta-feira, dia 2, o governo do Equador ampliou o confinamento da população até o dia 12 de abril. Segundo o último relatório divulgado pelo governo,120 pessoas já morreram em consequência da contaminação do coronavírus. A população vive momentos de pânico e desespero. As imagens de um repórter chorando , ao relatar a cremação dos corpos, em uma pequena cidade do Equador, revelam ao mundo a tragédia vivida por esse país da América do Sul.


 
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